terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Lucas 4.16-30

Evangelho segundo Lucas


Capítulo 4


Versículo 16: Jesus viajou para Nazaré, onde havia sido criado e conforme o seu costume, num dia de sábado, entrou na sinagoga. E posicionou-se em pé para fazer a leitura.

Jesus estava na Galileia, e todo sábado dirigia-se à sinagoga para ensinar, visto que, aos sábados, era permitido a um mestre visitante fazer a leitura dos textos sagrados e ensinar o seu significado. Suas pregações estavam sendo muito apreciadas.

Jesus então se dirige a Nazaré, onde havia crescido e, conforme Seu hábito, dirige-se à sinagoga em um sábado para ler um texto sagrado e explicar às pessoas.

Versículo 17: Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías. Desenrolando-o achou o lugar onde está escrito:

Os livros do Antigo Testamento, na época de Jesus, eram escritos em rolos de couro, guardados em um lugar especial e honroso na sinagoga e oferecidos ao pregador do dia ou ao mestre visitante. Jesus leu o texto de Isaías contido no capítulo 61, versículos 1 e 2.

Versículo 18: "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para pregar o Evangelho aos pobres. Ele me enviou para proclamar a libertação dos aprisionados e a recuperação da vista aos cegos; para restituir a liberdade dos oprimidos,

Versículo 19: e promulgar a época da graça do Senhor."

Versículo 20: Em seguida, enrolou novamente o livro, devolveu-o ao assistente e assentou-se. E na sinagoga todos estavam com os olhos fixos em sua pessoa.

Versículo 21: Então Ele começou a pregar-lhes: "Hoje se cumpriu a escritura que acabais de ouvir."

O texto  do livro de Isaías dizia respeito ao Messias. Dizia qual era a missão dele. E Jesus disse que Ele próprio era o Messias que todos esperavam há tanto tempo.

Versículo 22: E todos exclamavam maravilhas sobre Ele, e estavam admirados com as palavras de graça que saíam dos seus lábios. Mas questionavam entre si: "Não é este o filho de José?"

Embora os moradores de Nazaré reconhecessem que Jesus tinha algo de diferente, não aceitavam que Aquele que eles haviam visto crescer pudesse ser o Messias, simplesmente porque O conheciam desde o Seu nascimento.

Temos isto nos dias de hoje. As pessoas ficam presas a uma imagem, colocam um rótulo no outro e não querem enxergar que as pessoas mudam, desenvolvem-se, evoluem (e não foi para isso que fomos criados?).

Versículo 23: No entanto, Jesus lhes replicou: "Com toda a certeza citareis a mim o conhecido provérbio: 'Médico, cura-te a ti mesmo! Faze aqui em tua terra o que soubemos que fizeste em Cafarnaum!'"

Jesus sabia que não seria aceito em Nazaré, que duvidariam do que tinham ouvido falar que Ele havia feito em outros lugares.

Versículo 24: E continuou a falar Jesus: "Realmente vos afirmo: Nenhum profeta é bem recebido em sua própria terra.

Versículo 25: No tempo de Elias, posso lhes afirmar com certeza, que havia muitas viúvas em Israel, quando o céu foi fechado por três anos e meio, e grande fome ocorreu em toda a terra.

Versículo 26: Contudo, Elias não foi mandado a nenhuma delas, senão somente a uma viúva de Sarepta, na região de Sidom.

O profeta Elias havia falado em nome de Deus: enquanto ele não desse uma ordem, não mais haveria chuva (este é o significado de "o céu foi fechado"). Conforme a orientação de Deus, Elias foi até Sarepta, onde uma viúva o ajudou, alimentando-o e dando-lhe abrigo.

Jesus disse que Elias foi enviado a uma cidade distante pois não confiariam num profeta se ele estivesse em sua própria cidade, pois o haviam visto crescer e não acreditariam que ele pudesse ser mais do que conseguiam enxergar nele.

Versículo 27: Assim também, no tempo do profeta Eliseu, havia muitos leprosos em Israel, mas nenhum deles foi purificado, a não ser Naamá, o sírio.

Segundo o relato do Antigo Testamento, Naamá era um chefe do exército do rei da Síria. Ele contraiu uma doença de pele, que foi curada por intermédio do profeta Eliseu.

Segundo o relato, foi necessário que uma pessoa de fora reconhecesse Eliseu como profeta, pois as pessoas de Israel não lhe davam valor.

Versículo 28: Então todos os que estavam na sinagoga foram tomados de grande raiva ao ouvirem tais palavras.

Versículo 29: E, levantando-se, expulsaram a Jesus da cidade, levando-o até o topo da colina sobre a qual a cidade havia sido edificada, com o propósito de jogá-lo de lá, precipício abaixo.

Versículo 30: Todavia, Jesus passou por entre eles, e seguiu seu caminho.

Os habitantes de Nazaré que estavam na sinagoga se enfureceram por Jesus dizer que Ele era o Messias. Enfureceram-se mais ainda quando Ele usou as Escrituras para dizer que, historicamente, um profeta nunca foi reconhecido em sua própria terra. Como não tinham mais argumentos, resolveram jogá-lo ladeira abaixo!

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Lucas 4.14-15

Evangelho segundo Lucas


Capítulo 4


Versículo 14: Então, Jesus retornou para a Galileia, no poder do Espírito, e por toda aquela região se espalhou sua fama.

Versículo 15: Ensinava nas sinagogas e, de todos, recebia manifestações de grande apreciação.

No início do capítulo 4, Lucas narra que Jesus, depois de ter sido batizado por João Batista no Rio Jordão, foi levado ao deserto, e lá foi tentado pelo Diabo por quarenta dias.

Conforme os ensinamentos do Espiritismo, que podemos confirmar no livro "A Gênese", escrito por Allan Kardec, no capítulo 15, itens 52 e 53, vemos que não é possível aceitar que Jesus, um espírito perfeito, possa ter sido tentado pelo Diabo. Em primeiro lugar, não existe "Diabo", pois fere a lógica a ideia de um ser dedicado eternamente ao mal, sem a menor possibilidade de se modificar, e quase tão poderoso quanto Deus. Assim como não existe a escuridão, mas apenas a ausência de luz, não existe o mal, mas sim a ausência do bem.

Pois bem, se o Diabo é tão esperto quanto as descrições que as igrejas costumam fazer dele, será que ele não percebeu quem era Jesus, e que seria inútil tentar fazer com que Ele caísse em erro?

Precisamos refletir um pouco: os livros contidos na Bíblia foram escritos em hebraico, e alguns foram escritos há mais de dois mil anos. A linguagem era diferente, o mundo que existia era diferente, o vocabulário era limitado ao que existia na época. E tudo isso fazia parte do contexto cultural daquele povo, naquela época. Esses livros foram traduzidos por pessoas que tinham uma ideologia que as orientava; pensando assim, se tivessem que optar pelo significado de determinado texto, é óbvio que optariam por aquilo que confirmasse a maneira que elas tinham de pensar. Muita coisa foi acrescentada e tirada desses livros. Por isso, devemos fazer uma interpretação literária, e não literal, do que está escrito na Bíblia.

Se usarmos a frase "está na Bíblia" para justificarmos o fato de que, por estar na bíblia tem que ser a verdade, necessitamos alargar os nossos horizontes. Para melhor compreensão, sugiro a leitura de "Cristianismo e Espiritismo", escrito por Leon Denis.

Podemos deduzir que, depois de um período de isolamento ("deserto" também pode ser traduzido por um lugar isolado), Jesus se sentiu espiritualmente fortalecido, e começou Seu ministério. Seus ensinamentos, Suas explicações das Escrituras acabaram por chamar a atenção das pessoas, pois Jesus falava com profundo conhecimento e, mais do que isso, com o coração.

Precisamos de conhecimento para termos o discernimento necessário. Não é porque algo está escrito em um livro espírita que isso é verdadeiro. O Espiritismo necessita de muito estudo e reflexão. Isso não deve ser motivo de desânimo. Ao contrário, estamos frente a um novo universo que aguarda ser descoberto e explorado. Mais do que isso, as verdades desta descoberta, se postas em prática, vão trazer incríveis modificações em nossas vidas.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Lucas 4.1-13

Evangelho segundo Lucas


Capítulo 4


Versículo 1: Pleno do Espírito Santo, retornou Jesus do Jordão e foi conduzido pelo Espírito ao deserto,

Versículo 2: onde enfrentou as tentações do Diabo por quarenta dias. Durante todos esses dias não comeu nada e, ao fim desse período, estava faminto.

Para entendermos esse trecho do Evangelho sob a ótica espírita, precisamos recapitular certos preceitos da nossa Doutrina:
- a Bíblia foi escrita por seres humanos, e não por Deus; portanto, não basta justificar uma ideia dizendo somente: "está na bíblia". Como tudo o que existe, precisamos usar a razão para discernir os conceitos. Podemos até afirmar que a bíblia foi escrita sob inspiração de Deus, mas não diretamente por Ele;
- a bíblia foi escrita por diversos autores e, depois, traduzida inicialmente por representantes da Igreja Católica; certos trechos foram modificados para que confirmassem a doutrina católica;
- várias traduções foram feitas, sendo que cada uma delas procurou adaptar a tradução à sua maneira de pensar.

Depois de ter sido batizado por João Batista, Jesus foi levado para um lugar deserto. Se levarmos tudo ao pé da letra, acreditaremos que o Diabo foi tão forte que tentou o Filho de Deus (ou o próprio Deus, segundo a teologia católica) por quarenta dias.

Em primeiro lugar, o Espiritismo afirma que Deus e Jesus são seres diferentes. Deus é o Pai, o Criador de tudo o que existe. Jesus é o Seu filho amado, o espírito mais evoluído do qual temos notícia.

O Diabo, visto como um ser dedicado eternamente ao mal, em pé de igualdade com Deus, não existe. Se ele fosse como é descrito (poderoso, eterno, etc), seria tão poderoso quanto Deus, o que não é possível. O mal é a ausência do bem, e não existem seres dedicados eternamente ao mal. O que existe é um espírito ainda ignorante das leis do amor, que vai permanecer assim até que o processo evolutivo o leve a entender a vida de uma maneira diferente.

Não é possível acreditar que Jesus, um espírito perfeito, pudesse ser tentado pelo Diabo por quarenta dias. Esse relato é como uma parábola, que visa mostrar que nós também podemos ser tentados (mais pelo mal que existe dentro de nós do que por um espírito menos evoluído), e que precisamos resistir e perseverar no bem.

Em "A Gênese", livro escrito por Allan Kardec, no capítulo 15, itens 52 e 53, temos uma explicação sobre a tentação de Jesus, para quem quiser se aprofundar mais no assunto.

Versículo 3: Indagou-lhe, então, o Diabo: "Se tu é o Filho de Deus, ordena que esta pedra se transforme em pão."

Versículo 4: Então Jesus lhe contestou: "Está escrito: 'Nem só de pão viverá o ser humano.'"

Se o Diabo reconhece quem é Jesus, será que ele acreditava que Jesus fosse cair nessa armadilha? Depois de passar com Ele quarenta dias, o Diabo deveria saber melhor com quem estava tratando!

Neste relato simbólico, Jesus usa um texto do Antigo Testamento (Deuteronômio capítulo 8, versículos 13 a 16) para responder. Isso significa que precisamos ter conhecimento para nos livrarmos das tentações. Precisamos estudar, ler e meditar sobre as coisas de Deus.

Versículo 5: Então, o Diabo o levou a um lugar muito alto e lhe mostrou, em uma fração de tempo, todos os reinos do mundo.

Versículo 6: E lhe propôs: "Eu te darei todo o poder sobre eles e toda a glória destes reinos, porque me foram entregues e tenho autoridade para doá-los a quem bem entender.

Versículo 7: Portanto, se prostrado me adorares, tudo isso será teu!"

Versículo 8: Contudo Jesus lhe afirmou: "Está escrito: 'Ao Senhor teu Deus adorarás e só a Ele darás culto!'"

Temos o Diabo dizendo ao Filho de Deus que o mundo inteiro tinha sido dado a ele. Quem acredita que Deus deu o mundo todo ao Diabo para que ele pudesse nos atormentar com suas tentações, disputando nossas almas com Deus, faz uma imagem muito imperfeita de Deus.

Esse é mais um simbolismo: temos as tentações do mundo. A todo momento, somos levados a pensar que devemos conquistar o mundo material. Mas isso não é verdade. A verdade é expressa pela fala de Jesus: devemos adorar somente a Deus, e não ao "deus dinheiro".

Versículo 9: Em seguida o Diabo o levou para Jerusalém, e o colocou sobre a parte mais alta do templo, e o desafiou: "Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui para baixo.

Versículo 10: Pois, como está escrito: 'Aos seus anjos ordenará a teu respeito, para que te protejam;

Versículo 11: eles te sustentarão sobre suas mãos para que não batas com teu pé contra alguma pedra!"

Versículo 12: Repreendeu-lhes Jesus: "Dito está! 'Não tentarás o Senhor teu Deus!'"

Versículo 13: E assim, tendo concluído todo o tipo de tentação, o Diabo afastou-se dele até o tempo oportuno.

Temos o Diabo citando o Salmo 91, versículos 11 e 12. Será que, além de ser eternamente dedicado ao mal, ele também era um exímio estudioso dos textos bíblicos?

O simbolismo contido aí diz que os espíritos dedicados, ainda que provisoriamente, ao mal não são obrigatoriamente ignorantes em termos de religião. Muitos demonstram profundo conhecimento, e usam esse conhecimento para distorcerem o sentido correto das coisas. Este é mais um incentivo para que estudemos os assuntos religiosos de maneira diligente, pois senão corremos o risco de sermos enganados.

Quando Jesus diz que não devemos tentar Deus, o assunto é muito complexo. Quando O tentamos? Quando dizemos que só acreditaremos nEle se determinada coisa acontecer ou deixar de acontecer, quando O chantageamos para conseguir o que queremos (ao fazermos "promessas", é chantagem o que fazemos), ou ao fazermos outras pequenas tolices, próprias de espíritos ignorantes das leis imortais.

O texto conclui ainda dizendo que o Diabo não acabou o seu serviço, que estava esperando a oportunidade para retornar e tentar Jesus novamente.

Ao lermos os textos bíblicos, precisamos ter muito  cuidado para não interpretarmos tudo ao pé da letra e tirarmos conclusões que não são verdadeiras. Existem numerosas obras espíritas dedicadas ao estudo, além de palestras disponíveis na internet. Bom estudo a todos.