Evangelho segundo Lucas
Capítulo 5
Versículo 33: Em seguida eles lhes observaram: "Os discípulos de João jejuam e oram com grande frequência, assim como os discípulos dos fariseus; no entanto, os teus vivem comendo e bebendo."
Jesus estava em um banquete oferecido por Levi, também conhecido como Mateus (um dos doze discípulos de Jesus e autor do primeiro Evangelho). Lá, os escribas e fariseus O haviam criticado porque estava em companhia de publicanos (coletores de impostos).
Não contentes com a crítica a Jesus, os fariseus e os escribas também criticaram os discípulos de Jesus, pois eles não agiam da mesma maneira que os discípulos de João Batista.
Versículo 34: Jesus então lhes propôs: "Podeis fazer jejuar os convidados para o casamento enquanto está com eles o próprio noivo?
Versículo 35: Contudo, dias virão em que lhes será tirado o noivo; naqueles dias, verdadeiramente jejuarão."
Jesus explica que Seus discípulos não devem se entristecer, pois Ele está presente. Depois de Sua morte, eles irão enfrentar tristeza e dificuldades, e aí jejuarão.
Versículo 36: E lhes acrescentou essa parábola para pensar: "Ninguém tira um remendo de roupa nova e o costura sobre roupa velha; se o fizer, certamente estragará a roupa nova; e, além disso, o remendo novo jamais se ajustará à roupa velha.
Jesus era a "roupa nova", pois trazia uma nova maneira do homem se relacionar com Deus.
Não se deve cortar uma roupa nova para remendar uma velha. Não adianta tentarmos colocar uma parte dos ensinamentos de Jesus ("remendo de roupa nova") numa "roupa velha" (antigas tradições), pois estaremos mutilando a roupa nova (os ensinamentos de Jesus), e deformando a "roupa velha", pois o "remendo novo" não vai se adaptar às velhas estruturas.
Jesus diz que ele é a "roupa nova", ou seja, trazia a nova maneira de o homem se relacionar com Deus. O judaísmo era a "roupa velha", que trazia a maneira antiga desse relacionamento se estabelecer. Ele afirma que não poderia mutilar os Seus ensinamentos para que eles se adequassem às antigas tradições.
Versículo 37: Da mesma maneira, não há alguém que coloque vinho novo em um recipiente de couro velho. Ora, se o fizer, o vinho novo, ao fermentar, arrebentará o recipiente, se derramará e danificará o recipiente onde fora colocado.
Versículo 38: Ao contrário! O vinho novo deve ser posto em um recipiente de couro novo.
Versículo 39: Pois pessoa alguma, depois de beber o vinho velho, prefere o novo; porquanto se dia: "o vinho velho é bom o suficiente."
O vinho novo era colocado em recipientes de couro para fermentar. Ao fermentar, produzia gases, o que fazia com que seu volume aumentasse, dilatando o recipiente. Se o vinho novo fosse colocado em um recipiente de couro velho, que tem uma capacidade muito limitada de se dilatar, acabaria por romper o couro, destruindo-o.
Assim também os ensinamentos de Jesus não podem ser colocados numa estrutura religiosa rígida, pois naturalmente vão se expandir, e se a estrutura onde estiverem não for flexível o suficiente, acabará por ser destruída.
O Espiritismo deve ter uma estrutura bastante flexível, que se adapte constantemente à evolução do homem. A nossa cultura já não é a mesma que a da época em que Kardec a codificou. Pequenas adaptações são feitas constantemente, embora os fundamentos permaneçam os mesmos.
Jesus alerta para o fato de as pessoas que estão acostumadas com "vinho velho" (antigas tradições) não aceitarem o "vinho novo", pois dizem que o vinho velho é sempre melhor. Isso pode ser verdadeiro para vinhos, mas não para o ensinamento vivo de Jesus.
Vemos pessoas acostumadas a antigas estruturas religiosas e que querem introduzir essas estruturas no Espiritismo. Isso não faz sentido, pois o Espiritismo veio para retomar o sentido original dos ensinamentos de Jesus, não para reforçar ideias equivocadas. Por isso, não temos cerimônias no Espiritismo.