segunda-feira, 21 de maio de 2018

Lucas 8.40-48

Evangelho segundo Lucas


Capítulo 8


Versículo 40: Quando Jesus voltou, uma multidão o recebeu com alegria, pois todos o esperavam.

Jesus voltava da cidade de Gerasa (também conhecida como Gadara), onde vivam os gentios (pessoas que não eram judias). Lá, Ele havia livrado um homem de um processo obsessivo que tinha feito com que ele agisse como louco, morando num cemitério, vivendo sem roupas e agredindo quem passasse por perto. Durante o processo de desobsessão, os espíritos haviam agido sobre um grupo de porcos que estava próximo, e todos os porcos se atiraram num despenhadeiro, morrendo. Como os porcos eram a fonte de renda dessas pessoas, elas pediram que Jesus fosse embora o mais rápido possível.

Versículo 41: Então um homem chamado Jairo, dirigente da sinagoga, veio e prostrou-se aos pés de Jesus, implorando-lhe que fosse à sua casa

Versículo 42: porque sua única filha, de cerca de doze anos, estava à morte. Estando Jesus a caminho, a multidão o comprimia.

A sinagoga era o centro da vida dos judeus, que não separavam a vida religiosa da vida social. Tudo girava em torno da sinagoga. Os principais eventos da vida dos judeus aconteciam e eram determinados pela sinagoga.

A identidade do povo judeu foi construída tendo como base a adoração a um único Deus. Toda a estrutura do povo estava baseada nesse princípio.

Um dirigente de sinagoga era alguém de muito prestígio. Cabia a ele administrar e manter o prédio da sinagoga, bem como supervisionar a adoração e o ensino religioso. Sendo uma figura tão importante, foi muito significativo o fato de esse dirigente ter se ajoelhado perante Jesus e implorado que sua filha fosse curada.

Devemos nos lembrar que os recursos da Medicina naquela época eram bem precários, e o diagnóstico de uma doença equivalia a uma sentença de morte, pois a cura dificilmente seria alcançada.

O povo judeu também valorizava muito a família. Podemos imaginar o desespero daquele homem poderoso ao ver sua única filha  perto da morte.


Versículo 43: E estava ali certa mulher que havia doze anos vinha sofrendo de hemorragia e gastara tudo o que tinha com os médicos,; mas ninguém pudera curá-la.

Além do problema físico causado pela hemorragia, que já durava doze anos, temos as consequências culturais. Uma mulher com sangramento era considerada impura. Assim, não poderia participar da vida religiosa enquanto estivesse com sangramento, ficando afastava de toda vida da comunidade.

Além de ser precária, a Medicina era caríssima. O paciente, além de ter poucas chances de ser curado, pagava uma verdadeira fortuna para ter acesso ao atendimento médico. Além de ter gasto todo o seu dinheiro em tratamentos, ela continuava doente.


Versículo 44: Ela chegou por trás dele, tocou na borda de seu manto, e imediatamente cessou sua hemorragia.

Versículo 45: "Quem tocou em mim?", perguntou Jesus. Como todos negassem, Pedro disse: "Mestre, a multidão se aglomera e te comprime".

Versículo 46: Mas Jesus disse: "Alguém tocou em mim; eu sei que de mim saiu poder".

Essa mulher, que estava sofrendo há doze anos, conseguiu vencer as dificuldades, atravessar a multidão que estava em volta de Jesus e tocar a franja de Seu manto. Imediatamente ficou curada.

Jesus sentiu que uma energia curadora havia saído de si, e perguntou quem O havia tocado. Como Ele estava no meio de uma multidão, muitas pessoas deveriam estar estendendo as suas mãos e O tocando, querendo receber uma graça. Entretanto, Jesus percebeu um toque diferente, que mobilizou Sua energia curadora.


Versículo 47: Então a mulher, vendo que não conseguiria passar despercebida, veio tremendo e prostrou-se aos seus pés. Na presença de todo o povo contou por que tinha tocado nele e como fora instantaneamente curada.

De acordo com a lei judaica, um homem que tocasse uma mulher menstruada seria considerado impuro. Assim, os homens evitavam cuidadosamente tocar, falar e até mesmo olhar para as mulheres.

Essa mulher havia cometido uma falta perante a lei, pois havia tocado Jesus, tornando-O impuro. Quando Jesus perguntou quem O tocou, ela ficou com medo, pois não deveria ter tocado nele. Jesus não estava preocupado se estava ou não impuro, queria saber quem havia mobilizado a Sua energia.


Versículo 48: Então ele lhe disse: "Filha, a sua fé a curou! Vá em paz".

Jesus mostra que uma regra criada por homens não era mais importante do que uma pessoa. Ele também mostra como a fé age para determinar a cura. Fica o aprendizado para nós, que frequentemente estamos necessitados de ajuda: o que importa é a fé.

sábado, 5 de maio de 2018

Lucas 8.26-39

Evangelho segundo Lucas


Capítulo 8


Versículo 26: Navegaram para a região dos gerasenos, que fica do outro lado do lago, frente à Galiléia.

Os gerasenos, também chamados de gadarenos ou gergesenos, eram os habitantes da cidade de Gerasa (ou Gadara), que ficava a sudoeste do mar da Galileia. Era uma das cidades da Decápolis (cidades gregas que não pertenciam a um país, pois eram autônomas). Não eram judeus, e ganhavam a vida com a criação de porcos, animais considerados imundos pelos judeus.

Versículo 27: Quando Jesus pisou em terra, foi ao encontro dele um endemoninhado daquela cidade. Fazia muito tempo que aquele homem não usava roupas, nem vivia em casa alguma, mas nos sepulcros.

Um homem, vítima de uma obsessão que já durava muito tempo, vê uma pessoa se aproximar do lugar onde costumava ficar, e parte em direção a ele.

Temos a descrição de um processo obsessivo muito profundo. O homem perdeu as características de sua própria individualidade: não usava mais roupas, nem morava em uma casa, ficando entre os túmulos de um cemitério.

Versículo 28: Quando viu Jesus, gritou, prostrou-se aos seus pés e disse em alta voz: "Que queres comigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Rogo-te que não me atormentes!"

Quem falou com Jesus não foi o homem, mas o espírito que causava a obsessão. Ao reconhecer naquela pessoa que se aproximava a figura de Jesus, o espírito perguntou o que Jesus queria, e pediu para não ser castigado.

Os espíritos dedicados ao mal já sabiam quem Jesus era, e o que estava fazendo encarnado. Poucas pessoas encarnadas naquela época conseguiram perceber isso. Em outros trechos do Evangelho, vemos os espíritos obsessores reconhecerem Jesus de imediato.

A encarnação de Jesus estava há muito tempo sendo planejada, e os espíritos dedicados ao mal sabiam disso e das consequências que ela traria.


Versículo 29: Pois Jesus havia ordenado que o espírito imundo saísse daquele homem. Muitas vezes ele tinha se apoderado dele. Mesmo com os pés e as mãos acorrentados e entregue aos cuidados de guardas, quebrava as correntes, e era levado pelo demônio a lugares solitários.

Podemos substituir o termo "espírito imundo" e "demônio" por "obsessor", e teremos a descrição das consequências da obsessão naquele homem.


Versículo 30: Jesus lhe perguntou: "Qual é o seu nome?" "Legião", respondeu ele; porque muitos demônios haviam entrado nele.

O espírito que estava falando com Jesus diz que eram muitos os que estavam causando o processo obsessivo. "Legião" era um termo que designava um grupo de até seis mil soldados romanos.

Geralmente, em processos de obsessão intensos e antigos, vamos encontrar um grupo de espíritos envolvidos, o que torna mais complexa a resolução do problema, pois geralmente esses espíritos possuem vínculos muito fortes com aquele que sofre a obsessão.

Versículo 31: E imploravam-lhe que não os mandasse para o Abismo.

O Abismo era o local onde se acreditava que Satanás e seus seguidores seriam confinados.

Versículo 32: Uma grande manada de porcos estava pastando naquela colina. Os demônios imploraram a Jesus que lhes permitisse entrar neles, e Jesus lhes deu permissão.

Quando se instala um processo obsessivo, o obsessor atua sobre o obsidiado. Entretanto, o obsessor não "entra" no corpo do obsidiado, pois no corpo habita apenas um espírito. O que o obsessor faz é agir sobre o espírito do obsidiado, o que pode fazer com que, indiretamente, comande o corpo do encarnado.

Da mesma maneira que um obsessor não "entra" no corpo do obsidiado, também não "entra" no corpo de animais. O obsessor pode se fazer visível a um animal, mas o animal não serve de médium, pois o princípio que habita o corpo de um animal é diferente do que habita o corpo de um homem. No animal, existe um princípio de inteligência individualizada, mas que ainda não constitui um espírito propriamente dito.


Versículo 33: Saindo do homem, os demônios entraram nos porcos e toda a manada atirou-se precipício abaixo em direção ao lago e se afogou.

Ao ser rompida a ligação daqueles espíritos com o homem, os espíritos se dispersaram, e de alguma forma foram percebidos pelos porcos que, assustados, saíram correndo, caindo em um lago, morrendo afogados.

Versículo 34: Vendo o que acontecera, os que cuidavam dos porcos fugiram e contaram esses fatos na cidade e nos campos,

Versículo 35: e o povo foi ver o que havia acontecido. Quando se aproximaram de Jesus, viram que o homem de quem haviam saído os demônios estava assentado aos pés de Jesus, vestido e em perfeito juízo, e ficaram com medo.

Ao invés de ficarem felizes, pois uma pessoa que era tida como louca agora estava agindo de maneira normal, eles ficaram com medo. O desconhecido causa medo em muitas pessoas.

Versículo 36: Os que tinham visto contaram ao povo como o endemoninhado fora curado.

Versículo 37: Então, todo o povo da região dos gerasenos suplicou a Jesus que se retirasse, porque estavam dominados pelo medo. Ele entrou no barco e regressou.

O que tinha causado tanto medo nos habitantes locais? Certamente não era o fato de um homem ter sido libertado de seu sofrimento, mas porque muitos porcos, que geravam lucros, terem morrido.

Deve ter sido muito assustador eles verem os porcos se atirarem no lago, mas eles deixaram de perceber o homem que agora estava curado.

Versículo 38: O homem de quem haviam saído os demônios suplicava-lhe que o deixasse ir com ele; mas Jesus o mandou embora dizendo:

Versículo 39: "Volte para casa e conto o quanto Deus lhe fez." Assim, o homem se foi e anunciou na cidade inteira o quanto Jesus tinha feito por ele.

Aquele homem demonstrou profunda gratidão por Jesus o ter curado. Estava disposto a largar tudo para seguir quem o curou. Entretanto, Jesus tinha outros planos para ele, e ele os cumpriu.

Vemos pessoas que procuram ajuda quando estão sofrendo um processo de obsessão. Enquanto muitas conseguem perceber que o processo de cura se faz de dentro para fora, através da reforma íntima, muitas apenas querem se ver livres do obsessor, e retornam à sua vida assim que conseguem o que desejam. Como elas não se modificaram, tornam possível que o processo obsessivo se instale novamente.

Neste trecho do Evangelho segundo Lucas, vemos que a obsessão era já conhecida há mais de dois mil anos. Não foi inventada pelo Espiritismo, que apenas se dedicou ao seu estudo e compreensão deste fenômeno tão antigo quanto a humanidade.