Evangelho segundo Marcos
Capítulo 1
Versículo 21: Dirigiram-se para Cafarnaum e, assim que chegou o sábado, tendo entrado na sinagoga, Jesus passou a ensinar.
Depois de escolher a Simão, André, Tiago e João como discípulos, Jesus se muda de Nazaré para Cafarnaum, que seria a sede de Seu ministério. Cafarnaum era uma importante cidade onde se realizava o comércio de peixe. Os romanos, que dominavam a região naquela época, mantinham um centurião e uma coletoria de impostos na cidade.
A sinagoga tinha uma importância vital para a comunidade judaica. Todos os sábados os judeus se reuniam para estudar as escrituras sagradas e adorarem a Deus. Era costume que um mestre que estivesse visitando a sinagoga fosse convidado a ensinar. Jesus aproveitou a oportunidade para ensinar as boas novas; fez isso em diversas ocasiões.
Versículo 22: E todos ficavam maravilhados com o seu ensino, pois lhes ministrava como alguém que possuía autoridade e não como os mestres da lei.
Os mestres da lei, quando iam ensinar nas sinagogas, procuravam citar os grandes mestres para respaldarem as suas opiniões. Jesus, ao contrário, mostrava um profundo entendimento da lei. Não só conhecia como entendia o significado das palavras contidas no Antigo Testamento. Além disso, vivia as verdades contidas na lei. Por isso, a Sua maneira de ensinar era diferente.
Assim, quando vemos as pessoas que se dispõem a ensinar uma religião, precisamos observar se, além do entendimento, elas colocam em prática o que ensinam.
Versículo 23: Mas, naquele exato momento, levantou-se na sinagoga um homem possuído de um espírito imundo, que vociferava:
Versículo 24: "O que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para a nossa destruição? Conheço a ti, sei quem tu és: o Santo de Deus!"
Vamos encontrar várias passagens do Evangelho onde Jesus expulsa "um espírito imundo". Isto mostra que a obsessão era um acontecimento comum na época de Jesus. Não causou espanto, na sinagoga, um espírito se manifestar. Por isso, não deveria ser um acontecimento raro.
O espírito que se manifesta usa o plural para se expressar. Podemos deduzir que ele falava em nome dos demais espíritos que estavam presentes.
O "homem possuído" nada mais era do que um médium.
O espírito que se manifesta diz conhecer Jesus, e fala o Seu nome: "Santo de Deus". "Santo" significa "separado". No ocultismo, acreditava-se que falar o nome do espírito dava certo poder sobre ele. Por isso o espírito faz questão de usar um nome para chamar a Jesus.
Vemos que os espíritos obsessores já haviam identificado Jesus como alguém especial, que estava a serviço de Deus. Mesmo se dedicando ao mal, eles reconheciam a luz que vinha de Jesus. Este reconhecimento não aconteceu até hoje em uma parte da humanidade.
Versículo 25: Mas Jesus o repreendeu severamente: "Fica quieto e sai dele!"
Versículo 26: Então, o espírito imundo, sacudindo aquele homem violentamente e gritando com poderosa voz, saiu dele.
Versículo 27: Todos ficaram atônitos e assustados perguntavam uns aos outros: "O que é isto? Novo ensinamento, e vejam quanta autoridade! Aos espíritos imundos Ele dá ordens, e eles prontamente lhe obedecem!"
Versículo 28: Assim, rapidamente as notícias sobre a sua pessoa se espalharam em várias direções e por toda a região da Galileia.
Jesus, com toda a autoridade moral que possuía, apenas deu uma ordem, e os espíritos obsessores se afastaram. É claro que nenhum de nós pretende ter a mesma autoridade que Jesus. Mas, para se trabalhar em reuniões destinadas à desobsessão, é necessário um certo preparo.
Além de se estudar muito a doutrina espírita, é preciso ter o Evangelho no coração. Enxergar que os papéis de obsidiado e obsessor não estão muito claros, e muitas vezes se invertem no decorrer do tempo. E enxergar naquele espírito que se manifesta o que já fomos em um passado não muito remoto.