terça-feira, 27 de outubro de 2015

Marcos 5.1-20

Evangelho segundo Marcos


Capítulo 5


Versículo 1: E assim, atravessaram o mar e foram para a região dos gerasenos.

Jesus estava pregando em Nazaré. Ele e Seus discípulos atravessaram o mar da Galileia. Durante a travessia, uma tempestade os apanha, e a água começa a entrar no barco. Jesus, que dormia calmamente no barco, é acordado por Seus discípulos, que estão aterrorizados. Jesus repreende o vento e ordena que o mar se acalme. Depois disso, eles continuam tranquilamente a viagem.

Eles chegam a Gerasa. A maioria das pessoas dessa aldeia era de gentios (não judeus), como revela o fato de criarem porcos, animais considerados impuros pelos judeus, que não podiam comer e nem mesmo tocar nesses animais.

Versículo 2: Logo depois que Jesus desceu do barco, veio dos sepulcros, caminhando ao seu encontro, um homem possuído por um espírito imundo.

Como podemos ver, a obsessão já era conhecida na época em que Jesus vivia. As pessoas identificavam aqueles que estavam sob influência espiritual, e sabiam que era possível afastar os maus espíritos.

Versículo 3: Esse homem vivia em meio aos sepulcros e não havia quem conseguisse dominá-lo, nem mesmo com correntes.

Este homem, que estava sofrendo um processo obsessivo, era conhecido pelos habitantes da aldeia. Vivia no cemitério local, e nem mesmo uma corrente conseguia contê-lo. Vemos algumas pessoas que, sob a influência de um espírito obsessor, adquirem uma força descomunal, fazendo coisas que jamais conseguiriam fazer se não estivessem sob influência externa.

Versículo 4: Muitas vezes já haviam acorrentado seus pés e mãos, mas ele arrebentava os grilhões e estraçalhava algemas e correntes. Ninguém tinha forças para detê-lo.

Versículo 5: E, noite e dia, sem repouso, perambulava por entre os sepulcros e pelas colinas, gritando e cortando-se com lascas de rocha.

Temos a descrição de um quadro lamentável. O homem já não era mais senhor de si. Vivia sob a influência constante do obsessor, que o obrigava a se ferir e agir como um louco.

Versículo 6: Ao avistar Jesus, ainda de longe, correu e atirou-se aos seus pés.

Embora a população não tenha se dado conta de que era Jesus, esse obsessor de longe percebeu que Ele se aproximava e correu até Ele.

A luz que Jesus irradiava devia ser imensa. Logo o obsessor percebeu a grandeza espiritual de quem chegava ao lugar onde estava.

Versículo 7: E Clamou aos berros: "Que queres de mim, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Suplico-te por Deus que não me atormentes!"

Quando Jesus se aproxima, o obsessor questiona Jesus. Pergunta o porque de Jesus estar interferindo no processo obsessivo que ele instaurou sobre o homem. Durante as práticas de Espiritismo, especialmente naquelas dedicadas à desobsessão, muitas vezes o obsessor declara que ninguém deve interferir, pois ele tem direitos sobre aquele que sofre nas suas mãos. Esse direito lhe foi dado quando o obsidiado contraiu dívidas junto a ele, através de ações onde se sentiu prejudicado.

Versículo 9: Todavia, Jesus o interrogou: "Qual é o teu nome?" Respondeu ele: Meu nome é Legião, porque somos muitos."

Muitas pessoas acreditam que, num processo obsessivo, o fato de saber o nome do obsessor dá a elas poder sobre ele. Isso é um equívoco. O único poder que pode agir sobre o obsessor é a ascendência moral. Allan Kardec, especialmente em "O Livro dos Médiuns", deixa isso bem claro.

Versículo 10: E implorava insistentemente para que Jesus não os mandasse para fora daquela região.

Versículo 11: Enquanto isso, perto dali, numa colina vizinha, uma grande manada de porcos estava pastando.

Versículo 12: Foi então que os demônios rogaram a Jesus: "Manda-nos para os porcos, para que entremos nele.

Versículo 13: E Jesus lhes deu permissão, e os espíritos imundos deixaram o homem e entraram nos porcos. E a manada com cerca de dois mil porcos atirou-se precipício abaixo, em direção ao mar, e nele se afogaram.

Versículo 14: As pessoas que apascentavam os porcos fugiram e relataram esses fatos na cidade e nos campos, e todo o povo correu para ver o que havia se passado.

As pessoas ficaram mais espantadas, com os porcos que morreram do que com quem ficou livre da obsessão!

Versículo 15: Quando chegaram próximo de Jesus, observaram ali o homem que fora tomado por uma legião de demônios, assentado, vestido e em perfeito juízo. E ficaram assustados.

Versículo 16: Os que presenciaram os fatos narraram ao povo o que havia ocorrido com o endemoninhado e contaram também sobre os porcos.

Versículo 17: Então o povo começou a implorar a Jesus que se afastasse daquela região que lhes pertencia.

Ao invés de ficarem maravilhados e agradecidos, pois um homem tinha sido libertado da influência do mal, eles pensaram mais nos porcos que poderiam morrem e mandaram Jesus embora!

Versículo 18: E, quando Jesus estava entrando no barco, o homem que fora possuído pelos espíritos imundos rogava-lhe que o deixasse seguir com Ele.

Versículo 19: Jesus não consentiu; entretanto, orientou-o: "Vai para tua casa, para a tua família e anuncia a eles tudo quanto Deus tem realizado a teu favor, e como teve misericórdia de ti!

Jesus envia o homem gentio (não judeu) como missionário.

Versículo 20: E então, partiu aquele homem, e começou a pregar por toda a Decápolis as coisas que Jesus havia feito por ele. E todos ficaram maravilhados.

"Decápolis" era uma confederação formada por dez cidades gregas, localizadas ao nordeste da Palestina, e incluía a famosa cidade de Damasco.

Qual é, geralmente, a atitude da pessoa que é liberta de um processo obsessivo? Geralmente, retoma a sua vida sem que nenhuma mudança profunda se evidencie. A menos que ela realize uma profunda reforma moral em sua vida, ela continuará vulnerável a outros processos obsessivos.

Este homem, assim que se viu livre, mudou a sua vida. Começou a contar para as outras pessoas o que havia acontecido com ele. Aproveitou uma "pedra" encontrada em sua vida (a obsessão) par fazer dela a base de uma "alavanca" que iria lançá-lo a um outro patamar de existência.

Temos um belo exemplo de transformação moral que teve como resultado um ser humano melhor. Pena que não seja isso o que acontece com todos os que passam por uma obsessão. A maior parte só quer se ver livre do obsessor para continuar fazendo o que sempre fez. Ora, enquanto fizermos sempre a mesma coisa, o resultado será o mesmo. Para nos livrarmos definitivamente de uma obsessão, precisamos passar por uma profunda reforma íntima.


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