segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Mateus 23, 23-24

Evangelho segundo Mateus


Capítulo 23


Versículo 23: Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas.

Versículo 24: Condutores cegos! que coais um mosquito e engolis um camelo.


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Para melhor entendermos a mensagem do Evangelho, devemos começar por entender o significado do texto lido, no que diz respeito ao nosso idioma, o que nem sempre é fácil.

A tradução utilizada é a de João Ferreira de Almeida. Particularmente, acho uma das mais poéticas que conheço, daí sua beleza inigualável. Entretanto, o vocabulário e o estilo utilizados dificultam a compreensão do texto e da mensagem nele contidos.

Na tradução "King James", não tão poética mas bem mais clara, teríamos:
Versículo 23: Ai de vós doutores da lei e fariseus hipócritas! Porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas tendes descuidado dos preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé. Deveis, sim, praticar estes preceitos, sem omitir aqueles.
Versículo 24: Líderes insensíveis! Pois coais o pequeno mosquito, mas engolis um camelo.

Bem mais fácil de entender, não? Dado o primeiro passo, que é entender o sentido do texto, vamos para a interpretação da mensagem.

No livro do Antigo Testamento, Levítico, no capítulo 27, versículo 30, encontramos a determinação de que a décima parte (dízimo) dos produtos da lavoura e dos frutos das árvores deveriam pertencer a Deus. Os fariseus, querendo mostrar o quanto eram rigorosos em obedecer às leis de Deus, acrescentaram estas plantas (hortelã, endro e cominho), cujo valor comercial era insignificante.

Embora gostassem de parecer zelosos no cumprimento da lei, os fariseus pecavam em dois pontos importantes: em seu zelo excessivo, acrescentavam coisas às leis de Deus, e se preocupavam com o cumprimento destas leis, mas não com as pessoas.

Ao acrescentarem algo às Leis de Deus, eles afirmavam que estas leis eram imperfeitas,e que a eles caberia o direito de as melhorar. Isto demonstrava o quando eram vaidosos de seu conhecimento religioso.

Ao se mostrarem excessivamente interessados no cumprimento da lei, demonstravam que não compreendiam que as leis serviam simplesmente para ensinar os homens como se relacionarem com Deus. Eram um meio, não a meta a ser atingida.

Os fariseus de hoje se preocupam em dar novos rumos ao Espiritismo. Acreditam que a mensagem de Kardec deva se totalmente reformulada, atualizada, pois seus "guias espirituais" lhes deram novas informações que só a eles foram dadas, e eles possuem a "missão" de fazer com que os demais compartilhem de suas ideias. Dizem que Kardec está ultrapassado. Não se preocupam com o fato de não saberem, não entenderem e nem colocarem em prática o que foi ensinado através de Kardec. Simplesmente acham que sabem mais, que o que foi ensinado já está ultrapassado. São pessoas simplesmente ignorantes, vítimas de fascinação, pois os espíritos determinados a impedirem o acesso da humanidade ao conhecimento trazido pelo Espiritismo utilizam-se da vaidade destes médiuns, dizendo que apenas eles são dignos de receberem os novos ensinamentos. Um pouco de bom senso e humildade evitariam muitos problemas no futuro destes médiuns.

O que é narrado no versículo 24 é o fato dos fariseus, na época de Jesus, coarem a água que bebiam com um pano branco, pois não queriam ingerir um mosquito, considerado um animal imputo. Entretanto, ao cometerem fraudes, atrocidades e outros pecados, figurativamente engoliam um camelo, animal muito grande e também considerado impuro.

Jesus mostra, mais uma vez, que não devemos nos preocupar com a forma, mas sim com o conteúdo. Não adianta sabermos de cor todos os livros espíritas se não colocarmos em prática o que sabemos. Por isso, Ele nos diz que todas as leis podem ser resumidas em apenas duas: amar a Deus acima de qualquer coisa, e amar ao próximo como amamos a nós mesmos.




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