domingo, 15 de maio de 2016

Marcos 12.38-40

Evangelho segundo Marcos


Capítulo 12


Versículo 38: E, continuando seu ensino, advertia Jesus: "Acautelai-vos dos escribas. Pois eles fazem questão de andar com roupas especiais e de receber saudações em praça pública, 

Escriba: entre os judeus, era aquele que lia e interpretava as leis.

Os escribas gostavam de usar túnicas compridas de linho branco, e cujas franjas quase chegavam ao chão. Achavam que sua respeitabilidade estava ligada à aparência exterior.

Hoje em dia, temos pessoas que acreditam que, por seu ar de santidade, merecem ser respeitadas. Querem que sua aparência fale mais alto do que suas atitudes. Acreditam que devam usar um certo tom de voz no Centro. Falam macio, usando uma linguagem que acreditam ser a adequada para os cristãos. As pessoas até gostam de as ouvir, e pensam estar diante de um santo. Entretanto, suas atitudes, tanto dentro do Centro quanto fora dele, mostram uma outra realidade.

As pessoas que agem dessa maneira comprometem a religião. Quem consegue perceber que elas falam uma coisa, mas fazem outra, acabam por achar que o problema está na religião, que não presta, pois dá abrigo a esse tipo de pessoa. O problema não é a religião, mas o ser humano, que como um todo está muito longe da perfeição.

Não devemos nos deixar iludir por discursos bonitos. Precisamos observar as atitudes, e não as palavras.

Por outro lado, não devemos esperar que apenas pessoas perfeitas, sem nenhuma mácula em seu caráter, frequentem o Centro. Pessoas assim são raras, pois o estágio evolutivo de nosso planeta (assim como o nosso) está muito distante da perfeição. Se estamos encarnados na Terra, e frequentamos o Centro espírita, é porque queremos nos tornar melhores, e não porque somos santos.

Versículo 39:  de sentar nos lugares de maior destaque nas sinagogas e ainda de ocupar as posições mais honrosas à mesa dos grandes banquetes.

Em resumo: Jesus nos alerta que existem pessoas que se utilizam da religião apenas para "aparecerem", para terem um destaque que, na vida normal em sociedade, não possuem. Essas pessoas cultuam mais sua própria vaidade do que Deus. Usam da religião para satisfazerem o seu ego. E o pior de tudo é que mentem a si mesmas, dizendo que fazem isso em nome de Deus! Deus não tem nada a ver com isso, O nome correto disso tudo é vaidade!

Versículo 40: Eles devoram as casas das viúvas e, para dissimular, fazem longas orações. Estes, certamente, receberão condenação ainda mais severa!"

Os escribas, e outros religiosos, não recebiam um salário fixo. Dependiam de doações feitas para sobreviverem. As viúvas eram as que mais doavam. Por isso, eles frequentavam muito as casas delas, pois queriam receber grandes doações. Ficavam horam em orações para aparentarem se dedicar a Deus, mas estavam de olho nas doações.

Atualmente, isso acontece de maneira diferente. Os espíritas sempre tiveram suas profissões, e atuavam na religião em suas horas de folga. Tudo o que faziam tinha como meta a divulgação da doutrina espírita. De uns tempos para cá, sob as mais variadas desculpas, vemos que isso vem mudando. Vemos oradores pedindo "uma pequena contribuição" a fim de cobrir as despesas de deslocamento até o local onde farão a palestra. Além disso, pedem que sua estadia (e das pessoas que os acompanham) em hotéis seja custeada pelo Centro espírita. Isso sem falar nos autores de livros, que exigem a montagem de uma estante com seus livros que são colocados à venda.

Sou de um tempo em que oradores (e que oradores!) vinham humildemente de carona ou de ônibus, e ficavam muito agradecidos se um outro espírita os hospedasse em sua casa. Os oradores se desculpavam por dar tanto trabalhos. Quando os escritores espiritas eram identificados pela plateia, ficavam sem graça, e diziam que eles não faziam nada, pois quem merecia todo o mérito era o plano espiritual, que era o verdadeiro autor do livro, e não eles. Esses escritores não recebiam um centavo dos direitos autorais, doando tudo para uma instituição de caridade com a qual não tinham vínculo algum (não eram os presidentes, sua família não fazia parte da diretoria e não recebiam salário para isso).

"Os tempos mudaram", pensarão alguns. Mudaram mesmo, pois o que era feito por amor à doutrina espírita acabou por se tornar comércio. O dinheiro perverte a capacidade de julgamento das pessoas. Aqueles que visam o lucro mais cedo ou mais tarde cairão em erro. Conforme temos no evangelho segundo Mateus, no capítulo 6, versículo 24: "Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará o outro, ou será leal a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mâmon." Mâmon é uma palavra hebraica para personificar um dos deuses mais poderosos de todos os tempos: o dinheiro.

Por esse motivo, recuso-me a assistir palestras quando sei que o orador cobrou para vir (e isso acontece com muita frequência). Não compro livro espírita quando vejo que o autor não doou os lucros para uma instituição de caridade (essa informação está nas primeiras páginas do livro).

Uma das pessoas mais destacadas do Espiritismo no Brasil sobreviveu a vida inteira com um mísero salário de funcionário público, e nunca recebeu pelos mais de 400 livros editados: Chico Xavier! Preciso falar mais alguma coisa?

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