domingo, 3 de dezembro de 2017

Lucas 7.11-17

Evangelho segundo Lucas


Capítulo 7


Versículo 11: Logo depois, Jesus foi a uma cidade chamada Naim, e com ele iam os seus discípulos e uma grande multidão.

Versículo 12: Ao se aproximar da porta da cidade, estava saindo o enterro do filho único de uma viúva; e uma grande multidão da cidade estava com ela.

Naim se localizava a um dia de viagem (a pé) de Cafarnaum, onde Jesus morava.

Na época de Jesus, as cidades eram cercadas por muro, e a entrada era através de um portão. Ao chegar à cidade de Naim, Jesus se dirigiu ao portão de entrada.

Naquela época, o sustento da família dependia do marido. Com a morte de seu marido, a viúva dependeria do trabalho de seu filho para sobreviver, pois as mulheres não trabalhavam fora. Com a morte de seu filho, essa viúva perdia a única oportunidade de se sustentar. Dali em diante, dependeria de esmolas para poder sobreviver.

Versículo 13: Ao vê-la, o Senhor se compadeceu dela e disse: "Não chore".

Versículo 14: Depois, aproximou-se e tocou no caixão, e os que o carregavam pararam. Jesus disse: "Jovem, eu lhe digo, levante-se!"

Versículo 15: O jovem sentou-se e começou a conversar, e Jesus o entregou à sua mãe.

Naquela época, e até não muito tempo atrás, era comum uma pessoa ser enterrada e, tempos depois, descobrirem que ela tinha sido enterrada viva. O diagnóstico de morte não era muito preciso, e muitas histórias de caixões serem encontrados com sinais de arranhões por dentro foram ouvidas.

Segundo a doutrina espírita, a morte se dá pelo desligamento completo dos cordões fluídicos que ligam o espírito ao corpo. Uma vez completado esse desligamento, ocorre a morte.

Jesus poderia ter percebido que esse desligamento de cordões ainda não se completara, e restituiu o jovem à vida.

Jesus sempre foi movido pela compaixão. Ao ver o sofrimento daquela mulher, resolveu agir. Fica o ensinamento para nós, que muitas vezes somos tocados pelo sofrimento alheio, mas poucas vezes resolvemos fazer alguma coisa a respeito.

Versículo 16: Todos ficaram cheios de temor e louvavam a Deus. "Um grande profeta se levantou entre nós", diziam eles. "Deus interveio em favor do seu povo."

Versículo 17: Essas notícias sobre Jesus espalharam-se por toda a Judeia e regiões circunvizinhas.

Por mais de quatrocentos anos, Israel ficou sem a presença de um profeta, que era aquele encarregado de transmitir a vontade de Deus ao povo. Também havia a promessa de um Messias, que viria libertar o povo da escravidão. Diante dos milagres realizados, de sua palavra de autoridade espiritual, o povo começou a reconhecer Jesus como o "Ungido" (significado da palavra "Messias"), percebendo a presença de Deus em Israel depois de séculos de silêncio.

Vemos que as ações conseguem sensibilizar as pessoas muito mais do que os discursos. Mais do que ter um discurso bonito, precisamos agir de maneira bonita. Como cristãos, a nossa referência de perfeição é Jesus. A vida nos dá inúmeras oportunidades de agirmos demonstrando compaixão pelo próximo. Perdemos essas oportunidades todos os dias. Precisamos refletir, pensarmos que o tempo está passando, e a qualquer momento poderemos regressar à pátria espiritual. Não podemos mais deixar para agir no dia de amanhã, pois a única oportunidade que temos se encontra no dia de hoje.


domingo, 19 de novembro de 2017

Lucas 7.1-10

Evangelho segundo Lucas


Capítulo 7


Versículo 1: Tendo terminado de dizer tudo isso ao povo, Jesus entrou em Cafarnaum.


Lucas, o autor deste Evangelho, tinha narrado uma série de ensinamentos dados por Jesus. Depois disso, o grupo (Jesus e Seus apóstolos) se dirige à cidade de Cafarnaum.

Versículo 2: Ali estava o servo de um centurião, doente e quase à morte, a quem seu senhor estimava muito.

Um centurião era um oficial militar romano responsável por um grupo de cem ou mais soldados. Na época de Jesus, os judeus estavam sob o domínio do Império Romano, e esse centurião era um oficial encarregado de manter a ordem na região.

Versículo 3: Ele ouviu falar de Jesus e enviou-lhe alguns líderes religiosos dos judeus, pedindo-lhe que fosse curar o seu servo.

Versículo 4: Chegando-se a Jesus, suplicaram-lhe com insistência: "Este homem merece que faças isso,

Versículo 5: porque ama a nossa nação e construiu nossa sinagoga.

Aparentemente, o oficial do exército romano tinha um bom relacionamento com o povo judeu, não se aproveitando de seu cargo para oprimir de maneira violenta. Por conta desse bom relacionamento, os líderes religiosos judeus foram até Jesus para pedir que Ele curasse o empregado desse romano.

Versículo 6: Jesus foi com eles. Já estava perto da casa quando o centurião mandou amigos dizerem a Jesus: "Senhor, não te incomodes, pois não mereço receber-te debaixo do meu teto.

Esse oficial romano reconhecia que o cargo que ocupava não dava a ele qualificações morais. Por isso, disse que não era digno de receber Jesus em sua casa. Esse romano, que não acreditava no Deus único dos judeus, soube reconhecer em Jesus um ser superior, coisa que os próprios judeus não souberam fazer.

Versículo 7: Por isso, nem me considerei digno de ir ao teu encontro. Mas dize uma palavra e o meu servo será curado.

Quanta humildade neste pagão! E os fariseus, que se achavam os judeus mais perfeitos que existiam, viviam perseguindo Jesus, planejando matá-lo!

Versículo 8: Pois eu também sou homem sujeito a autoridade, e com soldados sob o meu comando. Digo a um: Vá, e ele vai; e a outro: Venha, e ele vem. Digo a meu servo: Faça isto, e ele faz."

Versículo 9: Ao ouvir isso, Jesus admirou-se dele e, voltando-se para a multidão que o seguia, disse: "Eu lhes digo que nem em Israel encontrei tamanha fé."

Mesmo tendo visto tudo o que Jesus fazia, os fenômenos que realizara, os fariseus não perdiam oportunidade para tramarem a condenação de Jesus à morte. Esse romano, por outro lado, nada tendo visto que comprovasse o que se falava a respeito de Jesus (os milagres que Ele tinha realizado), demonstra uma fé inabalável nEle.

Versículo 10: Então os homens que haviam sido enviados voltaram para casa e encontraram o servo restabelecido.

Um gentio, isto é, um não judeu, demonstra mais fé no Deus de Israel do que os próprios judeus! Ele acreditou que Jesus agia em nome de Deus, e por isso tinha o poder de curar. Belo exemplo a ser seguido!

domingo, 29 de outubro de 2017

Lucas 6.46-49

Evangelho segundo Lucas


Capítulo 6


Versículo 46: "Por que vocês me chamam 'Senhor, Senhor' e não fazem o que eu digo?

Esta frase, dita por Jesus às pessoas que estavam à Sua volta, serve também para nós. Não adianta citarmos o nome de Deus (ou de Jesus) e não fazermos o que Ele nos ensinou.

O estudo religioso é essencial, pois é através dele que ficamos sabendo qual é a vontade de Deus. Mas se não existir a prática, o estudo se torna vão.

Praticar os ensinamentos de Jesus requer esforço. Todos os dias temos que nos lembrar do que Ele nos ensinou. A cada situação difícil do nosso cotidiano, devemos nos perguntar: O que Jesus faria nesse caso?


Versículo 47: Eu mostrarei com quem se compara aquele que vem a mim, ouve as minhas palavras e as pratica.

Versículo 48: É como um homem que, ao construir uma casa, cavou fundo e colocou os alicerces na rocha. Quando veio a inundação, a torrente deu contra aquela casa, mas não a conseguiu abalar, porque estava bem construída.

Se tivermos a consciência de que a vida é apenas uma passagem, que somos seres imortais que estamos aqui em processo de aprendizagem, o enfoque de nossa atual (e breve) existência é totalmente diferente do que aqueles que acreditam que tudo acaba com a morte.

Ao pensarmos em nós mesmos como seres imortais, as coisas que são importantes são aquelas que dizem respeito ao espírito, e não à matéria.

Fundamentemos a nossa vida no que é real, e não no ilusório. O real é viver em conformidade com os ensinamentos de Jesus, sabendo que, ao partirmos desta existência, a única coisa que levaremos será nossas ações, e não os bens que acumularmos.

Quando fundamentamos nossa vida nos ensinamentos de Jesus, através do Espiritismo, sabemos que as situações difíceis que nos atingirão serão temporárias, e que têm como objetivo o nosso crescimento espiritual. Temos, assim, uma vida edificada sobre bases sólidas, duradouras.

Versículo 49: Mas aquele que ouve as minhas palavras e não as pratica é como um homem que construiu uma casa sobre o chão, sem alicerces. No momento em que a torrente deu contra aquela casa, ela caiu, e a sua destruição foi completa."

Aquele que constrói sua vida baseado unidamente na vida material não tem alicerces. Ao experimentar a primeira adversidade, geralmente a perda de um ente querido, todo o seu projeto de vida vem abaixo.

Devemos nos preparar para momentos difíceis, não através de um pedido a Deus que nos livre das dificuldades, mas pedindo que Ele nos dê forças para que, junto a Ele, possamos superar essa dificuldade e sairmos mais fortalecidos desta experiência.

Cada um de nós tem uma missão para cumprir na Terra. Isso implica em passarmos por situações de aprendizado. Podemos ter uma única certeza: Deus está conosco em todos os momentos. Os ensinamentos de Jesus foram dados para nos auxiliar em nossa vida, e o Espiritismo nos assegura que todo sofrimento, desde que bem suportado, resulta em aprendizado.

Assim como toda pessoa quer ter uma casa sólida, que não sofra com os ventos e as tempestades, nós também devemos ter uma vida que resista às tribulações. Podemos conseguir isso ao escolhermos em que vamos fundamentar a nossa existência. Se optarmos por uma vida material, seremos tragados pelas dificuldades. Se optarmos pelas realizações espirituais, teremos sempre um lugar seguro onde nos apoiarmos.

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Lucas 6.43-45

Evangelho segundo Lucas


Capítulo 6


Versículo 43: "Nenhuma árvore boa dá fruto ruim, nenhuma árvore ruim dá fruto bom.

Versículo 44: Toda árvore é reconhecida por seus frutos. Ninguém colhe figos de espinheiros, nem uvas de ervas daninhas.

Versículo 45: O homem bom tira coisas boas do bom tesouro que está em seu coração, e o homem mau tira coisas más do mal que está em seu coração, porque a sua boca fala do que está cheio o coração.

Nossas ações dizem mais sobre o que somos do que o nosso discurso. Assim como sabemos que tipo de árvore estamos vendo ao analisarmos os seus frutos, uma pessoa também deve ser avaliada por aquilo que faz, e não pelo que fala.

Quando falamos alguma coisa a respeito de uma pessoa, o que falamos diz mais respeito a nós do que a respeito da pessoa de quem falamos. Precisamos analisar as nossas palavras, pois assim conseguiremos enxergar quem nós somos, realmente.

Também precisamos ter cuidado com o que falamos, pois ao falarmos, mobilizamos energias que não percebemos, e estimulamos o que existe em nosso interior. Temos, dentro de nós, as sementes de tudo o que existe em termos de bondade e de maldade. A semente que vai florescer é aquela que nós alimentarmos. Muito cuidado, portanto, com conversas inúteis e/ou sobre assuntos que não são do bem.

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Lucas 6.39-42

Evangelho segundo Lucas


Capítulo 6


Versículo 39: Jesus fez também a seguinte comparação: Pode um cego guiar outro cego? Não cairão os dois no buraco?

Como uma pessoa que não conhece muito bem o que pretende ensinar pode ensinar os outros? Como pode ter a pretensão de os guiar no caminho do conhecimento se ela própria desconhece esse caminho? Como uma pessoa que não conhece o Espiritismo pode querer ensinar isso às outras pessoas?

Para se obter um conhecimento minimamente aceitável do Espiritismo, deve-se estudar em profundidade (e não apenas ler) as obras básicas de Kardec, além de outras obras consideradas fundamentais de autores que se dedicaram ao estudo sério da Doutrina. Além disso, deve se dedicar aos estudos de diversos livros psicografados por Chico Xavier que se dedicam à compreensão do mundo espiritual.

Quando nos propomos ao conhecimento da fundamentação do Espiritismo, o "achismo" não tem lugar. A nossa opinião é muito importante, sem dúvida, mas não deve estar acima do que a Doutrina Espírita nos ensina. Ao expressarmos a nossa opinião, devemos deixar bem claro que estamos dando a nossa opinião, e não trazendo informações deixadas por estudiosos do tema.

O que vemos, muitas vezes, chega a beirar o temerário: uma pessoa mal preparada, sem conhecimento da Doutrina, falando para um público que não se preocupa em filtrar o que está ouvindo, ou, como nos ensinou Kardec, passar tudo pelo crivo da razão. Assim, temos uma pessoa que desconhece o assunto do qual está falando se dirigindo a pessoas que não sabem o que estão escutando. Isso vai resultar num desastre, certamente. Temos um cego conduzindo outro cego, por um caminho que ambos desconhecem. A chance de os dois caírem num buraco é muito grande.

Com isso, não queremos dizer que devemos nos transformar em religiosos radicais, intransigentes, recusando qualquer informação que não conste nas obras de Kardec. Mas daí a aceitar qualquer bobagem apenas porque é uma "inovação", a distância é muito grande.

Versículo 40: O discípulo não está acima do seu mestre, mas todo aquele que for bem preparado será como o seu mestre.

Durante o processo de aprendizado, o aluno precisa se colocar acessível ao ensino. Caso se considere melhor do que aquele que está ensinando, no sentido de ter mais conhecimento, não vai conseguir aprender nada, pois acredita que já sabe tudo. Ninguém pode preencher um copo que já está cheio!

Terminado o aprendizado, o aluno está em condições de seguir o seu próprio caminho, rumo à aquisição de conhecimento. Depois de seu amadurecimento, estará preparado a ensinar, assim como foi ensinado.

Versículo 41: "Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão e não se dá conta da viga que está em seu próprio olho?

Versículo 42: Como você pode dizer ao seu irmão: 'Irmão, deixe-me tirar o cisco do seu olho", se você mesmo não consegue ver a viga que está em seu próprio olho? Hipócrita, tire primeiro a viga do seu olho, e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão.

Como podemos tentar ajudar a pessoa que está com um cisco no olho (uma coisa pequena) se nós temos uma trave (um pedaço muito grande de madeira) em nosso olho? Como pretendemos corrigir os defeitos (pequenos) em nosso semelhante, se não enxergamos os defeitos (grandes) que temos em nós? Não podemos modificar o outro, mas temos o potencial de nos modificarmos. Essa é a mensagem de Jesus: antes de querermos corrigir o outro, vamos corrigir a nós mesmos.

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Lucas 6.37-38

Evangelho segundo Lucas


Capítulo 6


Versículo 37: Não julguem, e vocês não serão julgados. Não condenem, e não serão condenados. Perdoem, e serão perdoados.

Certa ocasião, durante uma reunião mediúnica, o espírito que estava se comunicando disse que não deveríamos julgar as pessoas, pois já existia alguém "lá em cima" encarregado de fazer isso. A mensagem, muito simples em sua aparência, mas profunda, veio de um espírito que optava por se apresentar como criança, e calou fundo em todos os membros do grupo.

De fato, Deus é o único que tem discernimento suficiente para julgar a todos. Se Ele perdoa de maneira infinita, quem somos nós para não perdoarmos?

O cristão não deve censurar, e muito menos se entregar a comentários sobre a vida de outra pessoa. O julgamento de alguém, bem como a vingança ou punição, pertencem exclusivamente a Deus. Entretanto, não estamos isentos de responsabilidade de desenvolvermos senso crítico sobre o que presenciamos, nem sobre o discernimento entre o certo e o errado. Podemos não concordar com certas atitudes, mas isso não nos dá o direito de sairmos distribuindo juízo de valor a torto e a direito.

Versículo 38: Deem, e lhes será dado; uma boa medida, calcada, sacudida e transbordante será dada a vocês. Pois a medida que usarem também será usada para medir vocês.

Jesus nos garante que as nossas ações sempre terão como consequências reações em nossas vidas. Essa é a lei do Universo, não podemos escapar dela. Assim, receberemos da vida o mesmo que fizermos aos outros. Não de maneira direta, mas a mesma energia, e da mesma intensidade.

Não existe um livro de contabilidade onde são escritos o que fazemos, tanto de bom quanto de ruim. Assim, se fizermos três boas ações, não significa que receberemos três coisas boas na vida. Mas podemos ter a certeza de que colheremos o que plantamos.

Estamos todos encarnados com a finalidade de aprendizado. Assim como em uma escola, uns aprendem mais rapidamente que outros, mas todos, no final atingirão sua meta, que é diferente para cada um. Além disso, o aprendizado é individual e intransferível. O fato de criticarmos alguém não traz nenhuma modificação nessa pessoa, e não faz com que nos tornemos pessoas melhores.

Devemos agir como o agricultor, que planta e serenamente aguarda a colheita. A bondade com que atuarmos sobre a vida do outro mais cedo ou mais tarde retornará para nós.

Se Jesus, modelo de perfeição, não criticou, e pregou o perdão, esse deve ser um ótimo exemplo a ser seguido.


sábado, 19 de agosto de 2017

Lucas 6.27-36

Evangelho segundo Lucas


Capítulo 6


Versículo 27: Mas eu digo a vocês que estão me ouvindo: Amem os seus inimigos, façam o bem aos que os odeiam,

Versículo 28: abençoem os que os amaldiçoam, orem por aqueles que os maltratam.

Em grego (língua na qual foi escrito o Evangelho por Lucas), existiam várias palavras para significar "amor":
- storge: afeição natural;
- philia: amor amizade;
- eros: amor romântico, erótico, sensual.
A expressão usada por Jesus foi "agape", que significa o amor perdão, misericórdia, graça, compreensão, paciência, sacrifício.

O ensinamento de Jesus é uma evolução das leis de Moisés, que ensinavam que Deus era cruel e vingativo. Jesus manda que oremos por aqueles que nos causam mal. Nada de "olho por olho, dente por dente" das leis de Moisés. A regra de Jesus é o amor. Sem vinganças, mas com perdão. E mostra a necessidade de orarmos por aqueles que mais precisam de oração: os que encontram prazer em prejudicar o próximo.

Versículo 29: Se alguém lhe bater numa face, ofereça-lhe também a outra. Se alguém lhe tirar a capa, não o impeça de tirar-lhe a túnica.

Jesus se referia à antiga lei que previa a pena de morte para diversos crimes (podem ser encontradas em Êxodo capítulo 21, versículos 12 a 35). Ele traz uma nova lei, mais adequada ao Deus Pai, pleno de amor: ao sermos decepcionados, traídos ou mesmo agredidos, não devemos guardar amargura contra a humanidade e generalizar; devemos nos abrir a novas oportunidades (o que significa "dar a outra face").

Jesus nos ensina que, para sermos felizes, precisamos ser controlados pelo amor "agape", não reagindo com ódio quando alguém nos priva ou rouba de nossos bens materiais.

Versículo 30: Dê a todo aquele que lhe pedir, e se alguém tirar o que pertence a você, não lhe exija que o devolva.

Esse é um ensinamento difícil de ser colocado em prática, pois não possuímos os objetos, mas (devido à nossa inferioridade moral) somos possuídos por eles.

Como muitas outras qualidades, o desapego também pode ser exercitado e desenvolvido através de ações conscientes. Vamos nos propor a, pelo menos uma vez no dia, exercitar o que este versículo nos ensina. Ao final de algum tempo, estaremos fazendo isso com naturalidade, sem esforços.

Versículo 31: Como vocês querem que os outros lhes façam, façam também vocês a eles.

Isto é muito simples de entender, mas temos pessoas que acreditam que essa regra não diz respeito a elas. Elas acreditam que podem tratar mal todo mundo, mas merecem ser bem tratadas sempre. Têm a ideia de que são melhores do que os outros.

Se achamos que merecemos ser bem tratados, devemos começar por tratar bem as pessoas. Se queremos respeito, carinho e atenção, devemos agir assim com as pessoas. Fica tudo muito parecido com a lei da física que diz que a toda ação corresponde uma reação de igual intensidade. Simples assim.

Versículo 32: "Que mérito vocês terão, se amarem aos que os amam? Até os pecadores amam aos que os amam.

Versículo 33: E que mérito terão, se fizerem o bem àqueles que são bons para vocês? Até os pecadores agem assim.

Versículo 34: E que mérito terão, se emprestarem a pessoas de quem esperam devolução? Até os pecadores emprestam a pecadores, esperando receber devolução integral.

Jesus nos ensina que, se fizermos o bem apenas às pessoas que também nos fazem o bem, não temos mérito algum nessa ação, pois a pior das criaturas é capaz de amar as pessoas que as amam. O amor "agape" pede que consigamos ir além.

Versículo 35: Amem, porém, os seus inimigos, façam-lhes o bem e emprestem a eles, sem esperar receber nada de volta. Então, a recompensa que terão será grande e vocês serão filhos do Altíssimo, porque ele é bondoso para  com os ingratos e maus.

Versículo 36: Sejam misericordiosos, assim como o Pai de vocês é misericordioso.

A palavra "amar" é um verbo, e um verbo indica ação. Deve ser uma atitude consciente, um alvo a ser atingido. O amor cristão implica em romper as fronteiras do comum, de buscar o extraordinário: o amor universal, aquele mesmo amor que Jesus sente por nós. Não podemos oferecer nada menos do que isso aos nossos irmãos. E se alguém tiver dificuldade em entender esse amor, estude com profundidade e atenção a mensagem deixada por Jesus, que foi o amor encarnado.



domingo, 13 de agosto de 2017

Lucas 6.20-26

Evangelho segundo Lucas


Capítulo 6



Versículo 20: Olhando para os seus discípulos, ele disse: "Bem-aventurados vocês, os pobres, pois a vocês pertence o Reino de Deus.

Alguns estudiosos acreditam que o relato de Lucas é sobre o sermão registrado por Mateus nos capítulos 5 a 7. Outros acreditam que se trata de um sermão feito em diferente situação. Outros ainda acreditam que este não foi um sermão, mas sim um compêndio, isto é, um resumo da doutrina de Jesus.

Jesus diz que o reino dos céus, o reino onde impera a justiça e a equidade, é destinado aos pobres, ou seja, àqueles que não estão em busca da riqueza material. Não se pode almejar enriquecer materialmente e espiritualmente ao mesmo tempo, pois existe um profundo conflito de interesses, e os objetivos são completamente diferentes.

Versículo 21: Bem-aventurados vocês, que agora têm fome, pois serão satisfeitos. Bem-aventurados vocês, que agora choram, pois haverão de rir.

A expressão "bem-aventurado" significa "feliz". Jesus disse que aquele que tem fome é feliz. Podemos ter diversos entendimentos sobre isso:
- feliz daquele que, no momento, passa por necessidade, pois isto pode ser uma fonte de aprendizado muito enriquecedor no sentido espiritual;
- segundo Mateus, bem-aventurados os que têm fome de justiça, pois terão sua fome saciada;
- feliz daquele que "tem fome", aquele que está em busca de algo que lhe falta. Só pode encontrar alguma coisa aquele que busca, aquele que acredita que está faltando algo em sua vida.

Que consolo pode haver para aquele que sofre? Jesus disse que os que sofrem são felizes, pois haverão de sorrir. Vamos pegar um exemplo de onde o Espiritismo, conforme se propõe, vem explicar e aprofundar a mensagem de Jesus. Uma mãe que perde um filho vai ter poucos motivos para sorrir, a menos que ela acredite que exista vida após a morte, e tudo o que acontece conosco tem um propósito. Tanto a morte do filho quanto o sofrimento pelo qual esta mãe está passando tem uma causa, e se Deus é justo e bom, a causa deste sofrimento deve ser justa. Olhando a existência como uma sucessão de nascimentos e mortes, tudo faz mais sentido.

Versículo 22: Bem-aventurados serão vocês, quando os odiarem, expulsarem e insultarem, e eliminarem o nome de vocês, como sendo mau, por causa do Filho do homem.

Não devemos pensar que este versículo é uma exaltação ao radicalismo religioso, dizendo que não devemos ver problemas no fato de causarmos mal estar nos outros por causa de nossas crenças religiosas.

A ideia a ser transmitida é que não devemos nos preocupar quando, em decorrência de nossas atitudes como verdadeiros cristãos, sofremos algum tipo de discriminação. As pessoas, no geral, dizem uma coisa e fazem outra. Se falarmos e agirmos como cristãos, isso vai causar incômodo, pois isso contraria o "senso comum", o que a sociedade espera das pessoas. Jesus diz que seremos felizes, e não há motivo para duvidarmos disso.

Versículo 23: Regozijem-se nesse dia e saltem de alegria, porque grande é a sua recompensa no céu. Pois assim os antepassados deles trataram os profetas.

No passado, os profetas (aqueles que falam em nome de Deus) sofreram perseguições e muitos foram mortos. Isso aconteceu porque o que transmitiam (a mensagem de Deus) contrariava o que a maioria das pessoas pensava. Nós, espíritas, que devemos falar e agir de acordo com os ensinamentos de Jesus e não de acordo com o que a sociedade faz, estamos sujeitos a diversas contrariedades também.

Não devemos pensar que, por agirmos de acordo com os ensinamentos cristãos, a sociedade vai nos aplaudir e ter em conta de grandes pessoas. Nossas atitudes vão contrariar muitos interesses e, mais do que isso, servir como um espelho, mostrando o que as pessoas não querem enxergar. Jesus já nos alertava sobre isso, e dizia que o nosso trabalho não é vão, pois nossa evolução espiritual cresce através desta atitude.

Versículo 24: Mas ai de vocês, os ricos, pois já receberam a sua consolação.

Versículo 25: Ai de vocês, que agora têm fartura, porque passarão fome. Ai de vocês, que agora riem, pois haverão de se lamentar e chorar.

Versículo 26: Ai de vocês, quando todos falarem bem de vocês, pois assim os antepassados deles trataram os falsos profetas.

A mensagem de Jesus é muito clara: quem escolher as recompensas vindas da vida material, já terá recebido tudo a que tinha direito nessa vida, ou seja, não acumulou nenhum benefício para a vida espiritual.

Não existem dois caminhos: ou vivemos com os olhos voltados para a vida espiritual, ou para a vida material. As consequências das escolhas de cada caminho estão muito bem explicadas por Jesus. Cada um deve fazer a sua opção.

domingo, 30 de julho de 2017

Lucas 6.17-19

Evangelho segundo Lucas


Capítulo 6


Versículo 17: Então, desceu Jesus com os apóstolos e parou num lugar plano. Estavam ali reunidos muitos dos seus discípulos, e uma enorme multidão vinda de toda a Judeia, de Jerusalém e do litoral de Tiro e de Sidom,

Versículo 18: pessoas que vieram para serem ensinadas por Ele e curadas de suas doenças. Aqueles que eram atormentados por espíritos impuros foram curados,

Versículo 19: e cada pessoa da multidão procurava tocar nele, pois dele emanava poder que curava a todos.

Jesus tinha escolhido Seus doze apóstolos dentre os que eram Seus discípulos.
Discípulo: aprendiz, aluno receptivo a ensinamentos.
Apóstolo: cada um dos doze discípulos de Jesus encarregados de difundir a palavra de Deus.

Assim, Jesus tinha numerosos discípulos, que eram pessoas que O acompanhavam e que eram por Ele ensinadas. Destes, Jesus escolheu doze para serem Seus apóstolos; eles teriam um convívio mais íntimo com Jesus, compartilhando o dia a dia, e receberiam ensinamentos mais aprofundados.

Temos uma multidão que estava em volta de Jesus. Essas pessoas procuravam várias coisas:
- ensinamentos: a religião, na época de Jesus, era ensinada de maneira burocrática, restringindo-se ao cumprimento de uma série de regras. Perdeu-se o foco, que seria aproximar o homem de Deus;
- cura de doenças: a medicina daquela época estava apenas engatinhando, e além disso só estava acessível a quem pudesse pagar por ela, o que custava muito caro. Uma pessoa que curasse de verdade era um achado e tanto;
- desobsessão: pessoas atormentadas por espíritos não é uma novidade inventada pelo Espiritismo. O Evangelho está repleto de relatos sobre isso. Jesus tinha o poder de curar todos os processos obsessivos.

As pessoas percebiam a imensa energia que emanava de Jesus, e que essa energia tinha o poder de curar. De onde vinha essa energia? Da imensa evolução espiritual de Jesus, inigualável até hoje. Mas sobretudo do amor imenso que ele sentia pelas pessoas. Foi devido a esse amor que Jesus decidiu encarnar e ensinar às pessoas como se aproximarem de Deus. Foi também por causa desse amor que Ele curou tanto as doenças espirituais quanto as físicas. E foi o amor que Ele veio ensinar. Segundo Suas palavras, todas as leis e todos os ensinamentos dos profetas poderiam ser resumidos no amor: a Deus e ao próximo.

Como nós somos seres imperfeitos, mas rumando à perfeição, ainda precisamos estudar muito para compreender o amor, e nos esforçarmos todos os dias para o praticar. Jesus simplesmente viveu o amor.

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Lucas 6.12-16

Evangelho segundo Lucas


Capítulo 6


Versículo 12: E ocorreu naquela ocasião que Jesus se retirou para um monte a fim de orar, e atravessou toda a noite em oração a Deus.

Antes de um momento importante, Jesus se retirava para orar. Vemos essa descrição em muitos trechos dos Evangelhos.

Jesus orava a Deus antes de se decidir. Nós fazemos o contrário: tomamos geralmente uma decisão de maneira apressada. Quando não dá certo, rezamos e pedimos a ajuda de Deus.

Se quisermos ter melhoras em nossas vidas, evitando aborrecimentos, devemos aprender com Jesus: orarmos antes de nos decidirmos, pedindo a Deus que nos dê uma direção. E o mais importante: aceitarmos o direcionamento dado por Ele.

Versículo 13: Logo ao nascer do dia, convocou seus discípulos e escolheu dentre eles doze, a quem também designou como apóstolos.

Discípulo: aprendiz, aluno receptivo a ensinamentos.
Apóstolo: alguém que recebeu comissão e autoridade explícitos daquele que o enviou todavia sem o poder para transferir seus atributos a outra pessoa. Enviado para uma missão específica.

A descrição deste Evangelho é um pouco diferente do que encontramos nos outros: Jesus tinha muitas pessoas que O seguiam e a quem ensinava, e destas pessoas escolheu doze para serem Seus apóstolos, os quais teriam um convívio mais próximo com Ele e receberiam ensinamentos mais profundos.

Os outros evangelhos dizem que Jesus escolheu Seus discípulos entre pescadores que encontrou.

Versículo 14: Simão, a quem deu o nome de Pedro; seu irmão André; Tiago; João; Filipe; Bartolomeu;

Versículo 15: Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Simão, conhecido como Zelote;

Versículo 16: Judas, filho de Tiago; e Judas Iscariotes, que se tornou traidor.

Os apóstolos nem sempre foram referidos nos textos por um único nome: Simão às vezes é chamado de Pedro ou Cefas; Mateus também era conhecido como Levi; acredita-se que Bartolomeu fosse um outro nome de Natanael; Judas, filho de Tiago, também era chamado de Tadeu.

Fica a mensagem de Jesus: antes de tomarmos uma decisão importante, devemos procurar um local tranquilo, isolado e nos colocarmos em oração. Sentiremos uma profunda mudança em nossas vidas a partir do momento que fizermos isso: orar antes, e não depois de nos decidirmos.

terça-feira, 27 de junho de 2017

Lucas 6.6-11

Evangelho segundo Lucas


Capítulo 6


Versículo 6: Num outro sábado, Ele entrou na sinagoga e iniciou o seu ensino; e estava ali um homem cuja mão direita era atrofiada.

Versículo 7: Os doutores da Lei e os fariseus estavam ávidos para achar algum motivo pelo qual pudessem acusar Jesus; e por isso o observavam com toda a atenção, a fim de perceber se Ele o havia de curar durante o sábado.

Segundo a lei de Moisés, eram proibidas atividades no sábado (que começava no anoitecer da sexta-feira e ia até o anoitecer do sábado). Os líderes religiosos argumentavam que curar alguém era praticar a medicina e, portanto, proibido no sábado. Para eles, era mais importante o cumprimento da lei do que o alívio do sofrimento de uma pessoa.

Versículo 8: Todavia, Jesus tinha conhecimento do que eles pensavam, mesmo assim pediu ao homem da mão atrofiada: "Levanta-te, vem à frente e permanece em pé aqui no meio." E o homem se levantou a atendeu a Ele.

Enquanto os fariseus faziam tudo às ocultas, esgueirando-se para onde Jesus ia a fim de O espionar, Jesus chamava o homem para o centro da sinagoga, onde todos poderiam ver o que estava acontecendo.

Versículo 9: Jesus então dirigiu-se a eles: "Eu vos apresento uma questão: O que é permitido realizar no sábado: o bem ou o mal? Salvar uma vida ou destruí-la?"

Jesus queria fazer com que as pessoas presentes refletissem sobre o significado de cumprir as leis. Ele queria mostrar que as leis eram importantes apenas para indicar o caminho até Deus, e que o importante era o relacionamento com Deus, e não as leis.

Ele pergunta o que era importante: fazer o bem, curando uma pessoa, ou fazer o mal ao cumprir uma lei criada pelos homens.

Versículo 10: E Jesus olha atentamente para cada um dos que estão à sua volta e ordena ao homem: "Estende a tua mão!" O homem a estendeu, e ela foi instantaneamente restaurada.

Versículo 11: Contudo, eles ficaram enraivecidos e começaram a tramar entre si sobre que fim dariam a Jesus.

Aquelas pessoas estavam num local sagrado, onde eram ensinadas as leis de Deus, e tinham acabado de presenciar um homem ser curado. Entretanto, a única coisa que lhes interessava era dizer que Jesus não podia curar num sábado!

Ninguém parecia notar o quanto era extraordinário o que Jesus dizia, nem as curas que realizava. Só merecia atenção se Ele curaria num sábado ou não.

E essas pessoas, os doutores da lei, encarregados de ensinar o povo sobre as leia de Deus, num local sagrado procuram uma maneira de matar Jesus, pois Ele não respeitava as leis que os homens tinham criado! Isso tudo é um completo absurdo!

Precisamos ter cuidado para que isso não continue a acontecer nos dias de hoje. Discussões religiosas inúteis não são muito diferentes do que os fariseus fizeram na época de Jesus.


quarta-feira, 7 de junho de 2017

Lucas 6.1-5

Evangelho segundo Lucas


Capítulo 6


Versículo 1: Em um certo dia de sábado, enquanto Jesus caminhava pelos campos, onde se plantavam cereais, seus discípulos começaram a colher e a debulhar espigas com as mãos, e se alimentavam dos grãos.

Segundo a lei mosaica, temos: "Quando entrares na plantação de trigo do teu próximo poderás colher as espigas com a mão, mas não uses a foice para ceifar o trigo do teu próximo" (Dt 23.25). Assim, a lei permitia que as pessoas que estivessem passando por uma plantação pudesse colher alguma coisa para matar a fome.

Pela tradição legalista judaica, seguida pelos fariseus, eram proibidas 39 atividades no sábado, sendo a colheita uma delas. Os fariseus foram mais longe, e descreveram os diferentes tipos de colheita que poderiam ou não ser feitas.

Assim, os discípulos de Jesus não infringiram nem a lei sobre colher no campo de outra pessoa, nem a que proibia atividades no sábado. Embora violassem as leis dos fariseus, não violaram as leis de Moisés.

Versículo 2: Foi quando alguns dos fariseus os inquiriu: "Por que fazeis o que não é permitido durante o sábado?"

Os fariseus se mostravam tão preocupados com o cumprimento das regras que eles próprios criaram que se esqueceram de que a Lei era apenas uma maneira de ensinar o homem a se relacionar com Deus. Não era uma meta a ser atingida, mas um meio para se chegar a um determinado fim.

Versículo 3: Então Jesus os questionou: "Nem ao menos tendes lido o que fez Davi, quando teve fome, ele e os seus companheiros?

Versículo 4 : Pois ele entrou na casa de Deus e, tomando os pães da Presença, alimentou-se do que apenas aos sacerdotes era permitido comer, e os entregou de igual modo aos seus amigos."

Toda semana, doze pães consagrados, que representavam as doze tribos de Israel, eram colocados em uma mesa no Templo. Eram os "pães da presença". Depois de serem distribuídos, os pães poderiam ser comidos apenas pelos sacerdotes.

No episódio citado por Jesus, Davi e seus soldados, ao fugirem de Saul, entram no Templo para se esconderem, e comem os pães da proposta. A necessidade (fome) era mais importante do que as regras.

Versículo 5: E Jesus lhes asseverou: "O Filho do homem é Senhor do sábado!"

Jesus reforça a ideia de que as regras não são mais importantes do que o relacionamento pessoal com Deus.

domingo, 28 de maio de 2017

Lucas 5.33-39

Evangelho segundo Lucas


Capítulo 5


Versículo 33: Em seguida eles lhes observaram: "Os discípulos de João jejuam e oram com grande frequência, assim como os discípulos dos fariseus; no entanto, os teus vivem comendo e bebendo."

Jesus estava em um banquete oferecido por Levi, também conhecido como Mateus (um dos doze discípulos de Jesus e autor do primeiro Evangelho). Lá, os escribas e fariseus O haviam criticado porque estava em companhia de publicanos (coletores de impostos).

Não contentes com a crítica a Jesus, os fariseus e os escribas também criticaram os discípulos de Jesus, pois eles não agiam da mesma maneira que os discípulos de João Batista.

Versículo 34: Jesus então lhes propôs: "Podeis fazer jejuar os convidados para o casamento enquanto está com eles o próprio noivo?

Versículo 35: Contudo, dias virão em que lhes será tirado o noivo; naqueles dias, verdadeiramente jejuarão."

Jesus explica que Seus discípulos não devem se entristecer, pois Ele está presente. Depois de Sua morte, eles irão enfrentar tristeza e dificuldades, e aí jejuarão.

Versículo 36: E lhes acrescentou essa parábola para pensar: "Ninguém tira um remendo de roupa nova e o costura sobre roupa velha; se o fizer, certamente estragará a roupa nova; e, além disso, o remendo novo jamais se ajustará à roupa velha.

Jesus era a "roupa nova", pois trazia uma nova maneira do homem se relacionar com Deus.

Não se deve cortar uma roupa nova para remendar uma velha. Não adianta tentarmos colocar uma parte dos ensinamentos de Jesus ("remendo de roupa nova") numa "roupa velha" (antigas tradições), pois estaremos mutilando a roupa nova (os ensinamentos de Jesus), e deformando a "roupa velha", pois o "remendo novo" não vai se adaptar às velhas estruturas.

Jesus diz que ele é a "roupa nova", ou seja, trazia a nova maneira de o homem se relacionar com Deus. O judaísmo era a "roupa velha", que trazia a maneira antiga desse relacionamento se estabelecer. Ele afirma que não poderia mutilar os Seus ensinamentos para que eles se adequassem às antigas tradições.

Versículo 37: Da mesma maneira, não há alguém que coloque vinho novo em um recipiente de couro velho. Ora, se o fizer, o vinho novo, ao fermentar, arrebentará o recipiente, se derramará e danificará o recipiente onde fora colocado.

Versículo 38: Ao contrário! O vinho novo deve ser posto em um recipiente de couro novo.

Versículo 39: Pois pessoa alguma, depois de beber o vinho velho, prefere o novo; porquanto se dia: "o vinho velho é bom o suficiente."

O vinho novo era colocado em recipientes de couro para fermentar. Ao fermentar, produzia gases, o que fazia com que seu volume aumentasse, dilatando o recipiente. Se o vinho novo fosse colocado em um recipiente de couro velho, que tem uma capacidade muito limitada de se dilatar, acabaria por romper o couro, destruindo-o.

Assim também os ensinamentos de Jesus não podem ser colocados numa estrutura religiosa rígida, pois naturalmente vão se expandir, e se a estrutura onde estiverem não for flexível o suficiente, acabará por ser destruída.

O Espiritismo deve ter uma estrutura bastante flexível, que se adapte constantemente à evolução do homem. A nossa cultura já não é a mesma que a da época em que Kardec a codificou. Pequenas adaptações são feitas constantemente, embora os fundamentos permaneçam os mesmos.

Jesus alerta para o fato de as pessoas que estão acostumadas com "vinho velho" (antigas tradições) não aceitarem o "vinho novo", pois dizem que o vinho velho é sempre melhor. Isso pode ser verdadeiro para vinhos, mas não para o ensinamento vivo de Jesus.

Vemos pessoas acostumadas a antigas estruturas religiosas e que querem introduzir essas estruturas no Espiritismo. Isso não faz sentido, pois o Espiritismo veio para retomar o sentido original dos ensinamentos de Jesus, não para reforçar ideias equivocadas. Por isso, não temos cerimônias no Espiritismo.

sábado, 13 de maio de 2017

Lucas 5.29-32

Evangelho segundo Lucas


Capítulo 5


Versículo 29: Então Levi ofereceu a Jesus uma grande festa em sua casa; e uma multidão de publicanos e de outras pessoas estava à mesa comendo com eles.

Levi, também conhecido por Mateus (autor do primeiro Evangelho) era um publicano (cobrador de impostos do Império Romano). Na época, os judeus estavam sob o domínio do Império Romano, que cobrava impostos do povo dominado. Levi, como muitos outros, era um judeu que estava a serviço dos romanos. Além de cobrar os impostos devidos, que já era suficiente para causar ódio aos judeus que tinham que pagar aos romanos que invadiram suas terras, os cobradores exigiam o pagamento de muito mais do que seria o correto, e com isso esses cobradores enriqueciam a olhos vistos, pois embolsavam o que cobravam a mais. Esses cobradores também representavam uma traição ao seu próprio povo, pois estavam a serviço do Governo que subjugava seu próprio povo. Em consequência disso, "publicano" era sinônimo de pessoa de atitude reprovável, e os judeus evitavam o contato com eles.

Jesus viu Levi na coletoria (repartição pública onde os impostos eram arrecadados) e o chamou. Imediatamente Levi abandonou tudo para seguir Jesus. Além disso, deu uma festa para comemorar, mostrando aos antigos colegas de profissão e a amigos o quanto estava contente em ter encontrado Jesus.

Versículo 30: Os fariseus e seus escribas reclamaram dos discípulos de Jesus: "Por que comeis e bebeis com os publicanos e pecadores?"

Fariseus: mestres da Lei de Moisés. Denominavam-se "guardiões da Lei" e pregavam que suas tradições e interpretações eram tão importantes quanto as Escrituras Sagradas. Esses religiosos tinham um zelo excessivo pelo cumprimento das regras.

Escribas: pessoas hábeis na arte da escrita. Eram responsáveis pelo estudo, interpretação e ensino da Lei e das tradições judaicas. A maioria era do partido dos fariseus.

Como se achavam "puros", os fariseus e seus seguidores não se misturavam com pessoas consideradas "impuras", pois temiam se contaminar. Por isso, não aceitavam que Jesus e Seus discípulos estivessem comendo com pecadores.

Versículo 30: Ao que Jesus lhes ponderou: "Os que têm saúde não precisam de médico, mas sim os enfermos.

Versículo 31: Eu não vim para convocar os justos, mas sim para chamar os pecadores ao arrependimento."

Jesus veio para todo aquele que precisa de ajuda. Ele não pede a perfeição de Seus seguidores, pois sabe que isso não é possível. São pessoas que se sentem infelizes, atormentadas, que precisam de ajuda.

Entretanto, depois que a pessoa entende a sua necessidade de seguir os ensinamentos de Jesus, que decide mudar sua vida, ela não precisa continuar com aspecto entristecido. É muito comum as pessoas acreditarem que, para serem consideradas boas seguidoras de Jesus, precisem ter uma cara séria, não demonstrando alegria.

O maior ensinamento de Jesus é o amor. E o amor é sempre alegre. Não devemos nos privar da oportunidade de demonstrarmos o quanto estamos felizes em seguir os ensinamentos de Jesus.

Jesus é fonte permanente de alegria. O amor que teve por nós transborda até hoje. Seu olhar amoroso nos segue onde quer que possamos ir. Vamos demonstrar essa alegria em ter Jesus no coração. Um sorriso no rosto, uma palavra amiga e acolhedora, uma atitude de carinho e consideração: são essas as atitudes de um verdadeiro espírita, que demonstra o quanto está feliz em servir a Jesus.

Cara fechada, silêncio, poucas palavras não significam seriedade e compromisso com Jesus. Significam apenas que a pessoa não está feliz.

Então, ao acordarmos, todos os dias, vamos agradecer por Deus nos ter dado mais uma oportunidade de fazer o que precisamos fazer, sendo hoje melhores do que fomos ontem. Não perfeitos, apenas melhores.


segunda-feira, 1 de maio de 2017

Lucas 5.27-28

Evangelho segundo Lucas


Capítulo 5


Versículo 27: Passados estes eventos, saindo Jesus, encontrou-se com um publicano, chamado Levi, sentado à mesa da coletoria, e o convocou: "Segue-me!"

Jesus estava morando em Cafarnaum, onde ensinava sobre as Boas Novas (significado da palavra "evangelho") e curava. Ele curou um paralítico e declarou que havia perdoado os pecados dele. Isso causou grande comoção nos doutores da Lei que estavam presentes, que acusaram Jesus de blasfêmia, pois só Deus podia perdoar os pecados.

Na época, a blasfêmia (enunciado ou palavra que insulta a divindade, a religião ou o que é considerado sagrado) era um crime cuja punição era a morte.

Jesus se declarou filho de Deus, confirmando que Deus é o Pai, o Criador, e um Ser distinto, não o próprio Jesus. Disse que Deus tinha dado a Ele a autoridade para perdoar os pecados.

O Espiritismo tem um conceito que é muito importante: não acredita que Jesus seja Deus. Deus é o Pai, o Criador. Jesus é Seu filho amado. Em nenhum momento Jesus declarou que era o próprio Deus; sempre deixou claro Sua condição de filho.

Quando Jesus saiu da casa onde estivera (e tinha curado o paralítico), encontrou-se com um publicano (que era um cobrador de impostos do império romano).

Na época de Jesus, os judeus estavam sob o domínio do império romano. Além da submissão política, os romanos cobravam pesados impostos dos judeus. Os cobradores de impostos, além de serem odiados pelos judeus, pois representavam os dominadores, também eram mal-vistos porque muitas vezes cobravam muito mais do que era devido, e embolsavam esse dinheiro. Além disso, eram considerados traidores, pois eram judeus a serviço dos romanos.

A coletoria era uma repartição pública onde os impostos eram arrecadados. Era, portanto, o local de trabalho de Levi (também conhecido por Mateus, e autor de outro evangelho).

Devido à má fama dos publicanos, os judeus evitavam até mesmo entrar em contato com eles. Jesus vê Levi e o chama. Isso mostra que podemos encontrar pessoas espiritualmente preparadas em qualquer lugar, não só naqueles tidos como "santos".

Levi, assim como os outros discípulos de Jesus, estava preparado espiritualmente para exercer a sua missão. O fato de ser um publicano não o impediu de fazer o que veio fazer.

Versículo 28: Levi levantou-se, abandonou tudo e seguiu a Jesus.

Levi tinha uma profissão que fazia com que ganhasse muito dinheiro. Entretanto, ao ser chamado por Jesus, abandonou tudo para O seguir.

Não importa o que fomos antes de recebermos o chamado de Jesus. O importante é que, depois disso, podemos deixar tudo para trás para O seguir. O "deixar tudo para trás" não se refere a bens materiais, mas sim antigas maneiras de pensar e agir. Jesus veio para trazer uma profunda mudança na maneira com que encaramos a vida. Essa mudança não vai ser conseguida num passe de mágica, ela vai demandar um esforço contínuo durante muitas existências.

Devemos nos esforçar por estudar os ensinamentos de Jesus todos os dias, meditar sobre eles e como colocá-los em prática. Só assim a mudança se concretizará.

A evolução espiritual é algo que cada um deve se esforçar para conseguir. É algo pessoal e intransferível. Cada um precisa abrir essa porta, que só pode ser aberta de dentro para fora, para deixar que Jesus entre em sua vida.

Não podemos "terceirizar" a obtenção do conhecimento. Outras pessoas podem até facilitar o acesso ao conhecimento, mas não podemos fazer com que outros os obtenham para nós. Por isso Jesus nos disse para batermos à porta, que ela se abriria. Bom estudo a todos nós.

quarta-feira, 26 de abril de 2017

Lucas 5.17-26

Evangelho segundo Lucas


Capítulo 5


Versículo 17: Num outro dia, quando Jesus ministrava, estavam sentados ali fariseus e professores da Lei, vindos de todos os povoados da Galileia, da Judeia e de Jerusalém; e Ele tinha o poder de Deus para realizar curas.

Os fariseus eram mestres da Lei muito respeitados nas sinagogas (lugar de reuniões e/ou templo judaico). Formavam uma confraria e um partido político com mais de 6.000 membros. Eles se auto-denominavam "guardiões da Lei", e pregavam que suas tradições e interpretações teológicas eram tão importantes quanto o que estava escrito nas Escrituras Sagradas. Tinham um zelo excessivo pelo cumprimento das regras, não demonstrando igual empenho no cumprimento da vontade de Deus.

Os escribas eram pessoas hábeis na arte da escrita (poucas pessoas sabiam escrever naquela época, e os que sabiam gozavam de grande prestígio). Eram os responsáveis pelo estudo, interpretação e ensino da Lei e das tradições judaicas. A maioria era do partido dos fariseus, mas alguns pertenciam ao partido aristocrático dos saduceus.

Os líderes religiosos passavam grande parte do tempo discutindo suas tradições religiosas. Estavam tão preocupados em servirem às tradições que se distanciavam do sentido das Escrituras.

Vemos esses grupos religiosos se deslocando até a cidade de Cafarnaum para analisarem os ensinamentos de Jesus e vigiarem os Seus movimentos. Faziam isso porque Jesus contrariava suas crenças e costumes, pois estava mais preocupado em ensinar sobre Deus do que em cumprir regras que foram criadas pelos homens.

Versículo 18: Chegaram, então, uns homens trazendo um paralítico numa maca e tentaram fazê-lo entrar na casa, a fim de apresentá-lo perante Jesus.

Versículo 19: Não tendo sucesso nessa tentativa, devido à grande multidão aglomerada, subiram ao terraço e o baixaram em sua maca, através de uma abertura no teto, até o meio da multidão, bem adiante de Jesus.

Naquela época, as casas eram construídas com pedras, e os telhados planos eram feitos de barro misturado com palha. Uma escada, do lado de fora, levava até o teto.

Os amigos do paralítico o levaram, por fora da casa, até o telhado, tiraram uma parte da cobertura e fizeram com que ele chegasse até onde Jesus estava.

Versículo 20: Observando a fé que aqueles homens demonstravam, Jesus declarou: "Homem! Os teus pecados estão perdoados."

Jesus deixa claro a conexão entre "pecado" e "punição".

Pecado: violação de um preceito (norma) religioso. Se ampliarmos o conceito, o pecado não consiste em contrariar uma regra específica de uma determinada religião, mas em violarmos a lei de Deus.

Punição: qualquer forma de castigo que se impõe a alguém por uma falta cometida.

Segundo o conceito espírita, a ideia de pecado e punição precisa ser ampliada, sendo compreendida não como algo arbitrário,  mas sim como uma lei de causa e feito, ou seja, nossas atitudes tem consequências. Ao agirmos de maneira equivocada, arcaremos com as consequências de nossos enganos.

Jesus mostra que existe uma relação entre a paralisia que acometia aquele homem e os enganos por ele cometidos, e diz que o perdoava.

O que o Espiritismo mostra de diferente em relação a outras religiões é que a atitude equivocada pode não só ter acontecido nesta existência, mas em vidas passadas também.

Versículo 21: Diante disto, os escribas e os fariseus começaram a cogitar: "Quem é este que profere blasfêmias? Quem tem poder para perdoar pecados, a não ser somente Deus?"

Blasfêmia: enunciado ou palavra que insulta a divindade, a religião ou o que é considerado sagrado. Para os judeus, era um crime cuja punição era a morte.

Os doutores da lei acharam que Jesus estava blasfemando, pois ninguém tinha o direito de perdoar os pecados exceto Deus. Ao dizer que perdoava os pecados, Jesus estaria se igualando a Deus.

Versículo 22: Jesus, entretanto, tendo pleno discernimento do que estavam pensando, questionou-lhes: "Que censurais em vossos corações?

Versículo 23: Que é mais fácil declarar: 'Os teus pecados estão perdoados" ou 'Levanta-te e anda'? 

Jesus, mesmo cercado por uma multidão, percebeu que os doutores da lei estavam discutindo sobre o que tinha  acontecido, e pergunta que diferença fazia Ele dizer que perdoava os pecados daquele homem ou mandar  que ele se levantasse e andasse. De qualquer maneira, o paralítico estaria curado. Tendo sido curado, isso significava que ele havia sido perdoado, pois o "pecado" era a causa de seu problema.

Podemos nos perguntar como os doutores da lei não ficaram espantados por Jesus fazer com que um paralítico andasse, um fato por si só incrível e fenomenal. Ao invés disso, ficaram discutindo sobre o que Jesus tinha falado, mostrando que não se preocupavam nem um pouco com o sofrimento do paralítico.

Versículo 24: Todavia, para que vos certifiqueis que o Filho do homem tem na terra autoridade para perdoar pecados " - dirigindo-se ao paralítico declarou - "Eu te ordeno: Levanta-te! Pega a tua maca e vai para casa."

Jesus declara ser o "Filho do homem"; Ele não diz ser o próprio Deus, mas sim o Seu filho. Diz que tem autoridade para perdoar os pecados e que Deus deu a Ele essa autoridade.

Jesus sempre se refere a Deus como sendo Seu pai. Não tem como afirmar que Jesus é Deus encarnado, pois o próprio Jesus afirma ser Seu filho.

Versículo 25: Então, naquele mesmo instante, o homem se levantou diante de todos os presentes, pegou a maca em que estivera prostrado e correu para casa louvando e bendizendo a Deus.

Versículo 26: E todos ficaram estupefatos e glorificavam a Deus; e, tomados de grande temor, exclamavam: "Hoje vimos grandes prodígios!"

Temor: sentimento de profundo respeito e obediência.

Prodígio: coisa ou fato extraordinário; maravilha, milagre.

Contra os fatos não há argumentos. As pessoas viram Jesus curar um paralítico, e por isso sentiram um profundo respeito a Deus, pois viram algo maravilhoso. Essas pessoas entenderam que a autoridade de Jesus era dada por Deus, e louvaram Aquele que tinha permitido tudo isso: Deus.

Enquanto que os doutores da Lei ficavam discutindo quem tinha dado a Jesus o poder de curar, o povo logo percebeu que algo assim só poderia vir de Deus. Assim como os fariseus daquela época, nós corremos o risco de ficar discutindo sobre religião ao invés de praticá-la. Jesus disse que toda a Lei e todos os ensinamentos dos profetas estavam resumidos em dois mandamentos: amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Todo o mais é detalhe.






sexta-feira, 21 de abril de 2017

Lucas 5.12-16

Evangelho segundo Lucas


Capítulo 5


Versículo 12: Estando Jesus em uma das cidades, eis que um homem coberto de lepra veio em sua direção. Assim que contemplou a Jesus, ajoelhou-se e colocando o rosto rente ao chão, suplicou-lhe: "Senhor! Se for da tua vontade, sei que podes me purificar."

A lepra designava, de maneira geral, muitos problemas de pele, e não só o que hoje conhecemos como hanseníase.

Segundo a lei de Moisés, uma pessoa que tivesse "lepra" seria considerada impura. Não só teria que morar em um lugar separado, como também estaria excluído de qualquer contato com as demais pessoas. Como toda a vida do povo judeu era baseada na vida religiosa e comunitária, essa pessoa seria basicamente excluída de todo contato com a sociedade.

O homem descrito como tendo lepra procurou por Jesus, pois certamente sabia da fama que Ele tinha de curar as enfermidades. Mas O procurou de maneira humilde: além de se prostrar perante Jesus, disse que se Jesus quisesse, poderia curá-lo; não exigiu a sua cura, pois sabia que talvez não fosse merecedor disso.

Versículo 13: Jesus estendeu a mão, tocou nele e proferiu: "Quero. Sê purificado!" E, no mesmo instante, a lepra se retirou daquele homem.

A pessoa que tinha lepra era considerada impura. Qualquer um que a tocasse seria também considerado impuro. Jesus, num gesto de compaixão, tocou o homem para o curar. Através do toque, mostrou que se compadecia daquele homem, e que não o considerava um pária da sociedade.

Jesus poderia simplesmente dizer que queria curar aquele homem e ele ficaria curado da mesma forma. Mas fez questão de o tocar, transmitindo, além da cura material, o conforto espiritual.

Versículo 14: Em seguida, Jesus lhe ordenou: "Não fales sobre este acontecimento a ninguém; porém, vai, mostra-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação os sacrifícios que Moisés determinou, para servir de testemunho ao povo."

Segundo a lei de Moisés, o sacerdote tinha que examinar a pessoa que tinha lepra. Se a considerasse curada, havia um ritual de purificação a ser seguido. Depois, a pessoa seria considerada purificada e reintegrada à sociedade.

Jesus ordena que o homem não contasse o que aconteceu, pois iria causar mais confusão ainda. Os judeus esperavam um Messias que faria milagres e os libertaria do domínio de um outro povo; os sacerdotes estavam com inveja da atenção que Jesus vinha recebendo. Em nenhuma dessas circunstâncias era bom que se soubesse de mais um milagre que Jesus tivesse realizado, pois os seus inimigos teriam mais oportunidade de O criticar.

Versículo 15: Contudo, as notícias a respeito de Jesus se espalhavam ainda mais, de maneira que as multidões convergiam para ouvi-lo e para serem curadas de suas enfermidades.

Versículo 16: Todavia, Jesus procurava manter-se afastado, indo para lugares solitários, onde ficava orando.

Jesus frequentemente procurava um lugar isolado para orar e se colocar em contato direto com Deus. Esse é um exemplo que devemos seguir. Não só em momentos de dificuldade, mas todos os dias devemos separar um tempo para orarmos, fazendo contato com Deus. Não precisamos de um intermediário para realizar esse contato, basta a vontade de o fazer. A prece é o veículo encarregado disso.

Neste pequeno relato do Evangelho, vemos dois ensinamentos importantes de Jesus:
- Ele não só cura o homem, mas mostra compaixão por ele;
- Ele se recolhe para um contato íntimo com Deus.
Ficam mais esses dois exemplos, dentre os numerosos que Jesus nos deixou, para seguirmos em nossa vida.

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Lucas 5.1-11

Evangelho segundo Lucas


Capítulo 5


Versículo 1: E aconteceu que, num determinado dia, Jesus estava próximo ao lago de Genesaré, e uma multidão o espremia de todos os lados para ouvir a Palavra de Deus.

Lucas (o narrador deste Evangelho) se refere a um lago situado 220 metros abaixo do nível do mar, que mede 21 quilômetros de comprimento por 12 quilômetros de largura; também é citado, nos Evangelhos, como "mar da Galileia" ou "mar de Tiberíades".

Jesus estava próximo a esse lago quando a multidão que O cercava começou a se aproximar demasiadamente, pois queriam estar próximos a Ele a fim de ouvir o que Ele tinha para ensinar.

Versículo 2: Ele observou junto à beira do lago dois barcos, deixados ali pelos pescadores, que havendo desembarcado, cuidavam de lavar suas redes.

As redes de pesca precisavam ser mantidas em boas condições. Por isso, depois da pesca elas eram limpas, retirando-se os restos de vegetação que ficavam presas a elas, e eram feitos os reparos necessários.

Versículo 3: Então, entrou num dos barcos, o que pertencia a Simão, e lhe solicitou que o afastasse um pouco da praia. E, assentando-se do barco ensinava o povo.

O barco de Simão Pedro foi colocado de maneira que Jesus pudesse ser visto e ouvido por toda a multidão. Além disso, era um costume do povo judeu que o mestre, ao ensinar, estivesse sentado; a multidão deveria estar sentada também.

Versículo 4: Assim que acabou de ministrar , dirigiu-se a Simão e aos demais, e lhes pediu: "Ide para onde as águas são mais profundas e lançai as vossas redes para a pesca!"

Versículo 5: Ao que lhe replicou Simão: "Mestre, tendo trabalhado durante a noite toda, não pegamos nada. Todavia, confiando em Tua Palavra, lançaremos as redes."

Simão Pedro era um pescador experiente. Ele e seus companheiros trabalharam a noite toda, e não conseguiram pescar nada. Jesus manda que eles pesquem durante o dia, o que já era incomum.

Além de ser um carpinteiro, e não um pescador, Jesus era inexperiente no ofício de pescar. Mesmos assim, Pedro confia nEle, e diz que vai fazer o que Jesus está mandando.6

Nós, muitas vezes, ao executarmos uma tarefa, ouvimos uma voz interior que nos diz para fazermos exatamente o contrário do que estamos fazendo. Se esta voz interior nos dá a sensação de paz, possivelmente estamos recebendo uma ajuda espiritual. Cabe a nós decidirmos se vamos ou não seguirmos essa voz, pois temos a liberdade de escolha.

Versículo 6: Assim procederam e pegaram enorme quantidade de peixes, tanto que as redes começaram a se romper.

Quando agimos seguindo a direção que Deus nos dá, o resultado é sempre surpreendente.

Versículo 7: Por esse motivo acenaram aos seus amigos do outro barco , para que viessem ajudá-los. Eles chegaram e lotaram ambos os barcos, a ponto de começarem a afundar.

Quando seguimos um direcionamento de Deus, recebemos em abundância tudo o que se faz necessário.

Versículo 8: Diante de tamanho evento, Simão se prostrou aos pés de Jesus e declarou: "Afasta-te de mim, Senhor, pois sou homem pecador!"

Ao ver esse fato maravilhoso, a primeira reação de Pedro foi a de se sentir insignificante em relação à grandeza de Jesus. Também ficou maravilhado ao perceber que Jesus se importava com os fatos cotidianos da vida de simples pescadores.

Versículo 9: Porquanto, ele e seus companheiros estavam maravilhados com a pesca que haviam realizado,

Versículo 10: assim como de Tiago e João, os filhos de Zebedeu, que eram sócios de Simão. Todavia, Jesus revela a Simão: "Não tenhas medo; a partir deste momento tu serás um pescador de vidas humanas."

Versículo 11: Então eles arrastaram seus barcos para a praia, renunciaram a todas as coisas e seguiram a Jesus.

Esses humildes pescadores abandonaram a única maneira de viver que conheciam para seguirem Jesus. E nós reclamamos de gastar uma hora do nosso dia, uma única vez na semana, para nos dedicarmos a uma tarefa de auxílio ao próximo!

domingo, 9 de abril de 2017

Lucas 4.42-44

Evangelho segundo Lucas


Capítulo 4


Versículo 42: Ao raiar do dia, Jesus foi para um lugar solitário. De outro lado, as multidões o procuravam, e assim que conseguiram chegar ao local onde Ele estava, suplicaram para que não as deixasse.

Jesus, em diversas situações, procurou ficar sozinho para orar. Como sempre estava cercado por uma multidão, levantou-se muito cedo para que pudesse desfrutar desses momentos a sós com Deus.

O encontro com Deus é mais intenso e profundo quando acontece no silêncio. Sem nada para interferir, interromper ou distrair, esse encontro se faz mais profundo.

Devemos reservar algum momento, durante o dia, para esse encontro. Não precisa ser demorado quanto à duração, mas tem que existir. Nem que  sejam apenas 60 segundos, mas durante esse tempo devemos ficar a sós com Deus. Se tornarmos isso um hábito, as mudanças que acontecerão em nosso interior se refletirão em nossa vida.

Por que a mudança acontece? É algo mágico, misterioso? Não, trata-se simplesmente de uma questão de ação e reação. Ao dedicarmos, todos os dias, alguns momentos a Deus, estamos reconhecendo que Ele é muito importante em nossas vidas. E isso é que vai trazer as modificações.

Versículo 43: Contudo, Ele ponderou: "É necessário que Eu anuncie também as Boas Novas do Reino de Deus em outras cidades, pois precisamente para isso fui enviado.

Versículo 44: E assim, prosseguia pregando pelas sinagogas da Palestina.

O reino de Deus, onde reina a paz e a justiça, precisava ser anunciado por Jesus ao maior número de pessoas possível. Por isso, Ele saiu de Cafarnaum e foi pregar.

Jesus trazia uma maneira nova, totalmente diferente, de se relacionar com Deus. Jesus vivia esse relacionamento no Seu cotidiano, por isso pregava com autoridade e convencia as pessoas de que o que pregava era verdadeiro.

O Espiritismo não vem pregar nada que seja diferente do que Jesus pregou. Vem trazer uma reflexão profunda sobre Sua mensagem, levando em consideração a reencarnação. Aí está a sua beleza e verdade. Como Jesus trouxe, a Seu tempo, um novo relacionamento com Deus, o Espiritismo traz uma nova maneira de entender os ensinamentos de Jesus. Por isso, devemos nos dedicar ao estudo do Espiritismo, para melhor entender a mensagem de Jesus e aplicar esses conhecimentos nas modificações que se fazem necessárias em nossas vidas.

terça-feira, 4 de abril de 2017

Lucas 4.38-41

Evangelho segundo Lucas


Capítulo 4


Versículo 38: Saindo da sinagoga dirigiu-se Jesus à casa de Simão. A sogra de Simão estava atormentada, ardendo em febre, e rogaram a Jesus que a ajudasse de alguma forma.

Jesus havia saído de Nazaré, onde havia crescido, e ido para Cafarnaum. Como era Seu costume, no sábado foi até a sinagoga para ensinar. Lá, "expulsou um demônio", ou seja, interrompeu um processo de obsessão.

Como era costume entre os judeus, depois de saírem da sinagoga eles se reuniam para compartilharem uma refeição. Jesus foi até a casa de Simão. A sogra dele estava doente, e pediram a Jesus que a ajudasse.

Versículo 39: Estando Ele em pé próximo a ela, inclinou-se e repreendeu aquela febre, que no mesmo instante se levantou e passou a servi-los.

Jesus realiza mais uma cura. Naquela época, onde praticamente não havia tratamento para nenhuma doença, essa cura causou um efeito enorme. O mais interessante é a reação da sogra de Simão Pedro: ela estava se lamentando por ter adoecido, e logo depois de ser curada, não ficou parada admirando o fato, simplesmente se levantou e foi servir a Jesus.

Quando alguma coisa maravilhosa nos acontece, corremos o risco de nos deslumbrar, não sabendo exatamente o que fazer. Corremos o risco de pensar que todo o nosso tempo deva ser gasto contando o que nos aconteceu, pois é isso que Deus espera de nós.

Temos o exemplo da sogra de Simão Pedro para nos orientar. Devemos imediatamente começar o nosso trabalho, pois essa é uma das formas mais bonitas de se servir a Deus.

Versículo 40: Ao cair da tarde, o povo trouxe à presença de Jesus todos os que tinha diversos tipos de doenças e Ele os curou, impondo suas mãos sobre cada um deles.

Versículo 41: Além disso, de várias pessoas saíram demônios gritando: "Tu és o Filho de Deus!" Ele, contudo, os repreendia e não permitia que se expressassem, pois sabiam que Ele era o Cristo.

Para os judeus, o período compreendido entre o entardecer da sexta-feira até o por-do-sol do sábado era sagrado, e eles não poderiam fazer nenhuma tarefa. Assim, as pessoas esperaram até o entardecer do sábado para procurarem Jesus.

Jesus curou os doentes que o procuravam, e afastou os espíritos que estavam obsediando algumas pessoas.Como se explica o fato de os espíritos obsessores pudessem saber que Jesus era o Messias, e as pessoas não O identificarem? É que os espíritos conseguiam ver de longe quem Jesus era, de fato, e não O viam apenas como o filho de um simples carpinteiro. Além disso, Jesus tinha planos, e não queria que Sua identidade fosse revelada antes do momento adequado. Por isso, impedia os obsessores de O chamarem de Messias (palavra hebraica) ou Cristo (a mesma palavra em grego).

terça-feira, 21 de março de 2017

Lucas 4.31-37

Evangelho segundo Lucas


Capítulo 4


Versículo 31: Então Jesus desceu para Cafarnaum, cidade da Galileia, e, noutro sábado, começou a ensinar o povo.

Jesus estava em Nazaré, cidade que O havia visto crescer. Depois de ter sido batizado por João, no rio Jordão, voltou à Sua cidade. Quando tentou pregar lá, as pessoas não O aceitaram, pois naquele lugar Ele era simplesmente o filho de José e de Maria. Não conseguiam enxergar nada além disso. Então, Jesus vai para Cafarnaum, uma cidade próxima ao rio Jordão e às margens do mar da Galileia.

Versículo 32: E todos ficavam deslumbrados com o seu ensino, pois que sua palavra era ministrada com autoridade.

Jesus pregava com autoridade, pois tinha o conhecimento e colocava em prática tudo o que pregava. O conhecimento que tinha não era o de quem havia apenas se dedicado ao estudo das Escrituras, mas de quem conhecia profundamente a vontade de Deus.

Versículo 33: Entrementes, na sinagoga, havia um homem possesso do demônio, ou seja, de um espírito imundo, que berrou com toda a força:

Versículo 34: "Ah! Que tu queres conosco, Jesus de Nazaré? Vieste destruir a nós? Sei bem quem tu és: o Santo de Deus!"

A obsessão era conhecida, antigamente, como possessão. O espírito obsessor utiliza-se do plural para falar com Jesus, pois se trata de um grupo de espíritos que estavam atuando sobre aquele homem. O espírito, que falava em nome do grupo, vangloria-se de saber quem Jesus era, e que a aparência externa não o engana, pois enxergou a grandeza espiritual de Jesus.

Versículo 35: Mas Jesus o repreendeu, ordenando: "Fica quieto e sai deste homem!" Imediatamente o demônio jogou o homem no chão, perante todos, e saiu dele sem o ferir.

O espírito não "saiu" do homem. Ainda hoje temos pessoas que acreditam que o espírito obsessor entra no corpo daquele a quem obseda. Não é assim: ele atua sobre o perispírito da pessoa, atingindo assim o corpo dela.

Jesus, com toda a  autoridade moral que tinha, simplesmente manda o espírito obsessor se calar e deixar aquele homem em paz.

Versículo 36: Todas as pessoas ficaram maravilhadas e diziam umas às outras: "Que Palavra é esta? Pois até aos espíritos demoníacos Ele dá ordens com autoridade e poder, e eles se vão?"

Devemos compreender que não temos a mesma autoridade moral que a de Jesus. Portanto, numa reunião mediúnica, não podemos simplesmente mandar um obsessor se retirar. Através de estudos, temos que saber que estratégias utilizar. Recomento a leitura de "O Livro dos Médiuns", de Allan Kardec, e "Diálogo com as Sombras", de Hermínio C. Miranda.

Versículo 37: E as notícias a respeito de Jesus se espalhavam por todas as regiões vizinhas.

Além de falar como alguém que sabia o que estava dizendo, e não apenas como um repetidor dos textos sagrados, Jesus também causava admiração por demonstrar autoridade em relação aos espíritos obsessores. Tudo isso parecia ser novidade. Os sacerdotes daquela época não pareciam ter a mesma autoridade para ensinar que Jesus, nem a mesma ascendência sobre os espíritos obsessores, pois tudo isso vinha de Sua evolução espiritual.

Jesus tinha autoridade principalmente porque vivia de acordo com o que pregava. Essa é a única autoridade que pode ser imposta. O resto não passa de um título dado por homens que não possuem autoridade alguma para tal.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Lucas 4.16-30

Evangelho segundo Lucas


Capítulo 4


Versículo 16: Jesus viajou para Nazaré, onde havia sido criado e conforme o seu costume, num dia de sábado, entrou na sinagoga. E posicionou-se em pé para fazer a leitura.

Jesus estava na Galileia, e todo sábado dirigia-se à sinagoga para ensinar, visto que, aos sábados, era permitido a um mestre visitante fazer a leitura dos textos sagrados e ensinar o seu significado. Suas pregações estavam sendo muito apreciadas.

Jesus então se dirige a Nazaré, onde havia crescido e, conforme Seu hábito, dirige-se à sinagoga em um sábado para ler um texto sagrado e explicar às pessoas.

Versículo 17: Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías. Desenrolando-o achou o lugar onde está escrito:

Os livros do Antigo Testamento, na época de Jesus, eram escritos em rolos de couro, guardados em um lugar especial e honroso na sinagoga e oferecidos ao pregador do dia ou ao mestre visitante. Jesus leu o texto de Isaías contido no capítulo 61, versículos 1 e 2.

Versículo 18: "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para pregar o Evangelho aos pobres. Ele me enviou para proclamar a libertação dos aprisionados e a recuperação da vista aos cegos; para restituir a liberdade dos oprimidos,

Versículo 19: e promulgar a época da graça do Senhor."

Versículo 20: Em seguida, enrolou novamente o livro, devolveu-o ao assistente e assentou-se. E na sinagoga todos estavam com os olhos fixos em sua pessoa.

Versículo 21: Então Ele começou a pregar-lhes: "Hoje se cumpriu a escritura que acabais de ouvir."

O texto  do livro de Isaías dizia respeito ao Messias. Dizia qual era a missão dele. E Jesus disse que Ele próprio era o Messias que todos esperavam há tanto tempo.

Versículo 22: E todos exclamavam maravilhas sobre Ele, e estavam admirados com as palavras de graça que saíam dos seus lábios. Mas questionavam entre si: "Não é este o filho de José?"

Embora os moradores de Nazaré reconhecessem que Jesus tinha algo de diferente, não aceitavam que Aquele que eles haviam visto crescer pudesse ser o Messias, simplesmente porque O conheciam desde o Seu nascimento.

Temos isto nos dias de hoje. As pessoas ficam presas a uma imagem, colocam um rótulo no outro e não querem enxergar que as pessoas mudam, desenvolvem-se, evoluem (e não foi para isso que fomos criados?).

Versículo 23: No entanto, Jesus lhes replicou: "Com toda a certeza citareis a mim o conhecido provérbio: 'Médico, cura-te a ti mesmo! Faze aqui em tua terra o que soubemos que fizeste em Cafarnaum!'"

Jesus sabia que não seria aceito em Nazaré, que duvidariam do que tinham ouvido falar que Ele havia feito em outros lugares.

Versículo 24: E continuou a falar Jesus: "Realmente vos afirmo: Nenhum profeta é bem recebido em sua própria terra.

Versículo 25: No tempo de Elias, posso lhes afirmar com certeza, que havia muitas viúvas em Israel, quando o céu foi fechado por três anos e meio, e grande fome ocorreu em toda a terra.

Versículo 26: Contudo, Elias não foi mandado a nenhuma delas, senão somente a uma viúva de Sarepta, na região de Sidom.

O profeta Elias havia falado em nome de Deus: enquanto ele não desse uma ordem, não mais haveria chuva (este é o significado de "o céu foi fechado"). Conforme a orientação de Deus, Elias foi até Sarepta, onde uma viúva o ajudou, alimentando-o e dando-lhe abrigo.

Jesus disse que Elias foi enviado a uma cidade distante pois não confiariam num profeta se ele estivesse em sua própria cidade, pois o haviam visto crescer e não acreditariam que ele pudesse ser mais do que conseguiam enxergar nele.

Versículo 27: Assim também, no tempo do profeta Eliseu, havia muitos leprosos em Israel, mas nenhum deles foi purificado, a não ser Naamá, o sírio.

Segundo o relato do Antigo Testamento, Naamá era um chefe do exército do rei da Síria. Ele contraiu uma doença de pele, que foi curada por intermédio do profeta Eliseu.

Segundo o relato, foi necessário que uma pessoa de fora reconhecesse Eliseu como profeta, pois as pessoas de Israel não lhe davam valor.

Versículo 28: Então todos os que estavam na sinagoga foram tomados de grande raiva ao ouvirem tais palavras.

Versículo 29: E, levantando-se, expulsaram a Jesus da cidade, levando-o até o topo da colina sobre a qual a cidade havia sido edificada, com o propósito de jogá-lo de lá, precipício abaixo.

Versículo 30: Todavia, Jesus passou por entre eles, e seguiu seu caminho.

Os habitantes de Nazaré que estavam na sinagoga se enfureceram por Jesus dizer que Ele era o Messias. Enfureceram-se mais ainda quando Ele usou as Escrituras para dizer que, historicamente, um profeta nunca foi reconhecido em sua própria terra. Como não tinham mais argumentos, resolveram jogá-lo ladeira abaixo!

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Lucas 4.14-15

Evangelho segundo Lucas


Capítulo 4


Versículo 14: Então, Jesus retornou para a Galileia, no poder do Espírito, e por toda aquela região se espalhou sua fama.

Versículo 15: Ensinava nas sinagogas e, de todos, recebia manifestações de grande apreciação.

No início do capítulo 4, Lucas narra que Jesus, depois de ter sido batizado por João Batista no Rio Jordão, foi levado ao deserto, e lá foi tentado pelo Diabo por quarenta dias.

Conforme os ensinamentos do Espiritismo, que podemos confirmar no livro "A Gênese", escrito por Allan Kardec, no capítulo 15, itens 52 e 53, vemos que não é possível aceitar que Jesus, um espírito perfeito, possa ter sido tentado pelo Diabo. Em primeiro lugar, não existe "Diabo", pois fere a lógica a ideia de um ser dedicado eternamente ao mal, sem a menor possibilidade de se modificar, e quase tão poderoso quanto Deus. Assim como não existe a escuridão, mas apenas a ausência de luz, não existe o mal, mas sim a ausência do bem.

Pois bem, se o Diabo é tão esperto quanto as descrições que as igrejas costumam fazer dele, será que ele não percebeu quem era Jesus, e que seria inútil tentar fazer com que Ele caísse em erro?

Precisamos refletir um pouco: os livros contidos na Bíblia foram escritos em hebraico, e alguns foram escritos há mais de dois mil anos. A linguagem era diferente, o mundo que existia era diferente, o vocabulário era limitado ao que existia na época. E tudo isso fazia parte do contexto cultural daquele povo, naquela época. Esses livros foram traduzidos por pessoas que tinham uma ideologia que as orientava; pensando assim, se tivessem que optar pelo significado de determinado texto, é óbvio que optariam por aquilo que confirmasse a maneira que elas tinham de pensar. Muita coisa foi acrescentada e tirada desses livros. Por isso, devemos fazer uma interpretação literária, e não literal, do que está escrito na Bíblia.

Se usarmos a frase "está na Bíblia" para justificarmos o fato de que, por estar na bíblia tem que ser a verdade, necessitamos alargar os nossos horizontes. Para melhor compreensão, sugiro a leitura de "Cristianismo e Espiritismo", escrito por Leon Denis.

Podemos deduzir que, depois de um período de isolamento ("deserto" também pode ser traduzido por um lugar isolado), Jesus se sentiu espiritualmente fortalecido, e começou Seu ministério. Seus ensinamentos, Suas explicações das Escrituras acabaram por chamar a atenção das pessoas, pois Jesus falava com profundo conhecimento e, mais do que isso, com o coração.

Precisamos de conhecimento para termos o discernimento necessário. Não é porque algo está escrito em um livro espírita que isso é verdadeiro. O Espiritismo necessita de muito estudo e reflexão. Isso não deve ser motivo de desânimo. Ao contrário, estamos frente a um novo universo que aguarda ser descoberto e explorado. Mais do que isso, as verdades desta descoberta, se postas em prática, vão trazer incríveis modificações em nossas vidas.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Lucas 4.1-13

Evangelho segundo Lucas


Capítulo 4


Versículo 1: Pleno do Espírito Santo, retornou Jesus do Jordão e foi conduzido pelo Espírito ao deserto,

Versículo 2: onde enfrentou as tentações do Diabo por quarenta dias. Durante todos esses dias não comeu nada e, ao fim desse período, estava faminto.

Para entendermos esse trecho do Evangelho sob a ótica espírita, precisamos recapitular certos preceitos da nossa Doutrina:
- a Bíblia foi escrita por seres humanos, e não por Deus; portanto, não basta justificar uma ideia dizendo somente: "está na bíblia". Como tudo o que existe, precisamos usar a razão para discernir os conceitos. Podemos até afirmar que a bíblia foi escrita sob inspiração de Deus, mas não diretamente por Ele;
- a bíblia foi escrita por diversos autores e, depois, traduzida inicialmente por representantes da Igreja Católica; certos trechos foram modificados para que confirmassem a doutrina católica;
- várias traduções foram feitas, sendo que cada uma delas procurou adaptar a tradução à sua maneira de pensar.

Depois de ter sido batizado por João Batista, Jesus foi levado para um lugar deserto. Se levarmos tudo ao pé da letra, acreditaremos que o Diabo foi tão forte que tentou o Filho de Deus (ou o próprio Deus, segundo a teologia católica) por quarenta dias.

Em primeiro lugar, o Espiritismo afirma que Deus e Jesus são seres diferentes. Deus é o Pai, o Criador de tudo o que existe. Jesus é o Seu filho amado, o espírito mais evoluído do qual temos notícia.

O Diabo, visto como um ser dedicado eternamente ao mal, em pé de igualdade com Deus, não existe. Se ele fosse como é descrito (poderoso, eterno, etc), seria tão poderoso quanto Deus, o que não é possível. O mal é a ausência do bem, e não existem seres dedicados eternamente ao mal. O que existe é um espírito ainda ignorante das leis do amor, que vai permanecer assim até que o processo evolutivo o leve a entender a vida de uma maneira diferente.

Não é possível acreditar que Jesus, um espírito perfeito, pudesse ser tentado pelo Diabo por quarenta dias. Esse relato é como uma parábola, que visa mostrar que nós também podemos ser tentados (mais pelo mal que existe dentro de nós do que por um espírito menos evoluído), e que precisamos resistir e perseverar no bem.

Em "A Gênese", livro escrito por Allan Kardec, no capítulo 15, itens 52 e 53, temos uma explicação sobre a tentação de Jesus, para quem quiser se aprofundar mais no assunto.

Versículo 3: Indagou-lhe, então, o Diabo: "Se tu é o Filho de Deus, ordena que esta pedra se transforme em pão."

Versículo 4: Então Jesus lhe contestou: "Está escrito: 'Nem só de pão viverá o ser humano.'"

Se o Diabo reconhece quem é Jesus, será que ele acreditava que Jesus fosse cair nessa armadilha? Depois de passar com Ele quarenta dias, o Diabo deveria saber melhor com quem estava tratando!

Neste relato simbólico, Jesus usa um texto do Antigo Testamento (Deuteronômio capítulo 8, versículos 13 a 16) para responder. Isso significa que precisamos ter conhecimento para nos livrarmos das tentações. Precisamos estudar, ler e meditar sobre as coisas de Deus.

Versículo 5: Então, o Diabo o levou a um lugar muito alto e lhe mostrou, em uma fração de tempo, todos os reinos do mundo.

Versículo 6: E lhe propôs: "Eu te darei todo o poder sobre eles e toda a glória destes reinos, porque me foram entregues e tenho autoridade para doá-los a quem bem entender.

Versículo 7: Portanto, se prostrado me adorares, tudo isso será teu!"

Versículo 8: Contudo Jesus lhe afirmou: "Está escrito: 'Ao Senhor teu Deus adorarás e só a Ele darás culto!'"

Temos o Diabo dizendo ao Filho de Deus que o mundo inteiro tinha sido dado a ele. Quem acredita que Deus deu o mundo todo ao Diabo para que ele pudesse nos atormentar com suas tentações, disputando nossas almas com Deus, faz uma imagem muito imperfeita de Deus.

Esse é mais um simbolismo: temos as tentações do mundo. A todo momento, somos levados a pensar que devemos conquistar o mundo material. Mas isso não é verdade. A verdade é expressa pela fala de Jesus: devemos adorar somente a Deus, e não ao "deus dinheiro".

Versículo 9: Em seguida o Diabo o levou para Jerusalém, e o colocou sobre a parte mais alta do templo, e o desafiou: "Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui para baixo.

Versículo 10: Pois, como está escrito: 'Aos seus anjos ordenará a teu respeito, para que te protejam;

Versículo 11: eles te sustentarão sobre suas mãos para que não batas com teu pé contra alguma pedra!"

Versículo 12: Repreendeu-lhes Jesus: "Dito está! 'Não tentarás o Senhor teu Deus!'"

Versículo 13: E assim, tendo concluído todo o tipo de tentação, o Diabo afastou-se dele até o tempo oportuno.

Temos o Diabo citando o Salmo 91, versículos 11 e 12. Será que, além de ser eternamente dedicado ao mal, ele também era um exímio estudioso dos textos bíblicos?

O simbolismo contido aí diz que os espíritos dedicados, ainda que provisoriamente, ao mal não são obrigatoriamente ignorantes em termos de religião. Muitos demonstram profundo conhecimento, e usam esse conhecimento para distorcerem o sentido correto das coisas. Este é mais um incentivo para que estudemos os assuntos religiosos de maneira diligente, pois senão corremos o risco de sermos enganados.

Quando Jesus diz que não devemos tentar Deus, o assunto é muito complexo. Quando O tentamos? Quando dizemos que só acreditaremos nEle se determinada coisa acontecer ou deixar de acontecer, quando O chantageamos para conseguir o que queremos (ao fazermos "promessas", é chantagem o que fazemos), ou ao fazermos outras pequenas tolices, próprias de espíritos ignorantes das leis imortais.

O texto conclui ainda dizendo que o Diabo não acabou o seu serviço, que estava esperando a oportunidade para retornar e tentar Jesus novamente.

Ao lermos os textos bíblicos, precisamos ter muito  cuidado para não interpretarmos tudo ao pé da letra e tirarmos conclusões que não são verdadeiras. Existem numerosas obras espíritas dedicadas ao estudo, além de palestras disponíveis na internet. Bom estudo a todos.

sábado, 21 de janeiro de 2017

Lucas 3.21-24

Evangelho segundo Lucas


Capítulo 3


Versículo 21: E ocorreu que, quando todo o povo estava sendo batizado, da mesma maneira Jesus o foi; e no momento em que Ele estava orando, o céu se abriu

João Batista veio para anunciar a vinda do Messias, pregando a necessidade do arrependimento. O batismo simbolizava esse arrependimento.

Jesus não tinha do que se arrepender. Ele procurou João para que se confirmasse que Ele era o Messias esperado, aquele que libertaria o povo judeu da escravidão.

No momento do batismo, Jesus estava orando. Vamos ver vários trechos do Evangelho onde é descrito que Jesus estava orando, principalmente em momentos delicados de Sua vida. Jesus, um espírito cuja evolução nós temos dificuldade em dimensionar, ao orar mobilizava uma força espiritual indescritível. No momento do Seu batismo, Ele possibilita um fenômeno mediúnico formidável: todos os presentes conseguem ver e ouvir um espírito se manifestar.

Versículo 22: e o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma corporal, como uma pomba. E do céu surgiu uma voz: "Tu és o meu Filho amado; e em ti me agrado sobremaneira."

A descrição é muito clara: um espírito, que assumiu a forma de uma pomba, aparece no meio da multidão. E uma voz é ouvida por todos; essa voz declara que Jesus é seu filho amado. Não pode haver nenhuma confusão: o espírito, emissário de Deus, declara que Jesus é o filho de Deus, não podendo, desta forma, ser confundido com o próprio Deus.

O conceito da santíssima trindade foi criado pela igreja católica. O Espiritismo não compartilha dessa ideia. Para quem deseja entender melhor isso, recomendamos a leitura do livro "Cristianismo e Espiritismo", de Leon Denis.

Deus é o Pai, o criador. Jesus é Seu filho. Em muitas ocasiões, Jesus, segundo descrito nos Evangelhos, dirige-se a Deus como um filho amoroso faria a seu pai, deixando bem claro que eles são duas pessoas diferentes.

O livro "Cristianismo e Espiritismo", anteriormente citado, também esclarece que o adjetivo "santo" foi colocado junto ao termo "espírito" pela igreja católica, não sendo assim desde o começo, quando o relato dizia apenas "espírito", e não "espírito santo". Esse argumento é também válido para outros trechos do Evangelho onde encontramos o termo "Espírito Santo". Resumindo: no início, no Evangelho estava apenas escrito "espírito"; assim, ficava clara a ideia de que um espírito havia se manifestado; a igreja católica acrescentou o termo "santo" à palavra "espírito", e essa deturpação vem  se mantendo até os dias de hoje.

Versículo 23: Jesus tinha cerca de trinta anos de idade quando iniciou seu ministério. Ele era, como se dizia, filho de José; filho de Eli


Segundo a tradição judaica, era aos 30 anos de idade que um servo judeu era considerado maduro para assumir vários serviços religiosos. Por isso Jesus esperou até os 30 anos de idade para, através do batismo de João, iniciar seu ministério.

Lucas vai descrever a linhagem de Jesus a partir de Maria, pois parte do princípio que Jesus foi gerado por Deus. Assim, vemos uma descrição diferente, pois não se considerava, naquela época, a linhagem materna, apenas a paterna. Como Maria e José eram descendentes de Davi, de qualquer forma a profecia do Antigo Testamento se cumpre, pois o Messias é um descendente da linhagem de Davi.

Até o final deste capítulo. Lucas vai descrever a linhagem de Maria até Adão, considerado pelos judeus como o primeiro homem criado por Deus. Era importante, para os judeus, confirmar a linhagem de Jesus, por isso a extensa descrição, que vai até o versículo 38 deste capítulo.


sábado, 14 de janeiro de 2017

Lucas 3.19-20

Evangelho segundo Lucas


Capítulo 3


Versículo 19: Contudo, quando João admoestou Herodes, o tetrarca, por causa de Herodias, mulher do próprio irmão de Herodes, e devido a muitas ouras obras perversas que havia praticado,

Versículo 20: Herodes acrescentou a todas essas maldades a de mandar João para a prisão.

João Batista há havia iniciado a sua missão, e anunciava também que não era o Messias esperado.

Herodes Antipas, filho de Herodes, estava com a mulher de seu irmão Filipe. João o acusa de adultério, crime grave entre os judeus, e punível com a morte. Então, Herodes manda prender João Batista.

Na época em que Jesus viveu na Terra, os judeus estavam sob o domínio do império romano, e eram governados por Herodes Antipas. Este governador, como muitos outros que estão no poder, não aceitou muito bem a crítica de João Batista. Embora todos soubessem que ele estava com uma mulher que era esposa de seu irmão, ninguém tocava no assunto. Para os judeus, o adultério era algo muito sério, e João Batista disse isso em alto e bom som. Como resultado por dizer a verdade que ninguém queria ver, foi preso.


sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Lucas 3, 15-18

Evangelho segundo Lucas


Capítulo 3


Versículo 15: A esta altura as pessoas estavam em grande expectativa, imaginando se porventura João não seria o Cristo.

Cristo (em grego) ou Messias (em hebraico) significava "o ungido". Refere-se à profecia da vinda de um descendente do rei Davi, que restauraria a nação de Israel e o reino de Davi, trazendo paz ao mundo.

Essa profecia encontra-se no Antigo Testamento, e os judeus aguardavam ansiosamente a vinda do Messias, esperando que ele os libertasse do domínio do império romano (na época de Jesus, o exército romano havia invadido a sua nação, e a dominava).

Como João Batista vinha pregando a necessidade do arrependimento, as pessoas acreditaram que ele poderia ser o Messias. Isso aconteceu antes de Jesus começar Sua missão.

Versículo 16: Então João esclareceu a todos: "Eu, de fato, vos batizo com água. Entretanto, chegará alguém mais poderoso do que eu, tanto que não sou digno sequer de desamarrar as correias de suas sandálias. Ele sim, vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.

João tinha plena consciência de seu papel: preparar as pessoas, chamar a atenção delas, para uma mudança no pensamento que o verdadeiro Messias iria trazer. Ele não sabia exatamente quem era o Messias, mas sabia que estava próximo o tempo em que ele se apresentaria. Sabia também que as mudanças que pregava, dizendo para as pessoas se arrependerem de suas faltas, era apenas uma pequena parte das modificações que o Messias iria trazer.

Versículo 17: Ele traz uma pá em suas mãos, a fim de limpar a sua eira e juntar o trigo em seu celeiro; todavia queimará a palha com o fogo que jamais se apaga."

A pá, na lavoura, serve para separar as sementes das cascas. Assim, o Messias viria para separar aqueles que realmente se empenham em cumprir a vontade de Deus daqueles que só se preocupam com o culto exterior.

João sabia que as mudanças que o Messias traria seriam profundas. Toda uma maneira de pensar e agir sofreria modificações. O homem seria redirecionado a Deus, aprendendo como se relacionar com o seu Criador. No início da história do povo judeu, Moisés ensinou uma série de regras que tinham por objetivo disciplinar o povo e o direcionar a Deus. Passados anos, o povo já havia amadurecido espiritualmente, e estava preparado para aprender uma nova maneira de se relacionar com Deus; o Messias traria essas novas informações.

Versículo 18: E com muitas outras palavras, João entusiasmava as multidões e lhes pregava as Boas Novas.

João cumpriu fielmente o seu papel de preparar o coração das pessoas para a mensagem de Jesus. Assim, entrou para a história como uma importante figura na vida do cristianismo.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Lucas 3.1-14

Evangelho segundo Lucas


Capítulo 3


Versículo 1: No décimo quinto ano do reinado de Tibério César, época em que Pôncio Pilatos foi governador da Judeia; Herodes, tetrarca da Galileia; seu irmão Filipe tetrarca de Itureia e Traconites; e Lisânias, tetrarca de Abilene, e

Nesta época descrita por Lucas (ano 25 ou 26 da era cristã), a região onde Jesus vivia estava dominada pelo império romano. Tibério César foi o imperador romano que governou de 14 a 37 d C.

A região dominada pelo império romano foi dividida em quatro regiões: duas delas governadas pelos meio-irmãos Herodes Antipas e Filipe (filhos de Herodes, que havia morrido há mais de 20 anos), por Pilatos e por Lisânias. Todos os quatro governantes tinham poderes iguais, estavam sujeitos ao controle de Roma e tinham que manter a paz em seu território.

Versículo 2: Anás e Caifás exerciam o ofício de sumo sacerdotes. Foi nesse mesmo ano que João, filho de Zacarias, recebeu uma palavra convocatória do Senhor, no deserto.

De acordo com a lei judaica, havia apenas um sumo sacerdote, descendente de Arão, que mantinha o seu cargo por toda a vida. Entretanto, o governo romano havia deposto Anás e colocado, em seu lugar, seu genro Caifás.Como o cargo de sumo sacerdote era vitalício, os judeus continuaram a considerar Anás como sumo sacerdote.

Depois de 400 anos sem um profeta, Deus convoca João Batista para ser Sua voz e anunciar a vinda do Messias.

A palavra "deserto" nem sempre se referia a uma região seca e arenosa, mas principalmente a um local desolado e desabitado.

Versículo 3: Então ele percorreu toda a região próxima ao Jordão, proclamando um batismo de arrependimento para perdão dos pecados.

João Batista foi chamado por Deus para pregar o arrependimento ao povo. O batismo de João era um ato simbólico, no qual as pessoas demonstravam publicamente sua compreensão e tristeza pelos erros e pecados cometidos, e a sincera disposição de buscar uma vida em plena harmonia com a vontade de Deus.

A missão fundamental de João era a de preparar o caminho para Jesus, sensibilizando as pessoas para o que Jesus viria ensinar.

Versículo 4: Assim como está escrito no livro das palavras do profeta Isaías: "Voz do que clama no deserto: 'Preparai o caminho do Senhor, tornai retas as suas veredas.

Versículo 5: Pois que todo o vale será aterrado e todas as montanhas e colinas, niveladas. As estradas tortuosas se transformarão em retas e os caminhos acidentados serão aplanados.

Versículo 6: E todos os seres viventes contemplarão a salvação que Deus oferece.' "

Lucas, que escreveu este livro para um público gentio (não judeu), quis mostrar, citando o livro de Isaías (capítulo 40, versículos 3 a 5, e capítulo 52, versículo 10), que a salvação é para todos, e não apenas para os judeus.

Versículo 7: João repreendia as multidões que vinham para ser batizadas por ele: "Raça de víboras! Quem lhes persuadiu a fugir da ira vindoura?

Deus faz com que João fale de maneira dura a fim de que as pessoas despertassem para a realidade. Eles não seriam salvos apenas porque era um direito deles, por serem descendentes de Abraão. Suas atitudes, e não palavras, deveriam demonstrar a sua submissão à vontade de Deus.

Versículo 8: Produzi, então, frutos que demonstrem arrependimentos. E não comeceis a cogitar em vossos corações: 'Abraão é nosso pai!' Pois eu vos asseguro que destas pedras Deus pode fazer surgir filhos a Abraão.

Os frutos que demonstram arrependimento pelos erros cometidos podem ser exemplificados como:
- reconhecimento da responsabilidade pessoal e social;
- disposição para evitar o mal;
- prática espontânea de boas obras;
- partilha amorosa e voluntária dos bens pessoais com aqueles que mais necessitam;
- caráter honesto e justo em todos os relacionamentos e assuntos;
- atitude paciente em todas as situações;
- prática da verdade;
- espírito otimista e alegre mesmo em meio às grandes dificuldades da vida, compreendendo que a esperança não vem das coisas nem das pessoas, mas de Deus.

Versículo 9: O machado já está posto à raiz das árvores, e toda árvore que não der bom fruto será cortada e jogada ao fogo."

João Batista alertava que era tempo de mudanças. Não adiantava a pessoa se arrepender mas continuar a fazer as mesmas coisas de sempre.

Posteriormente, Jesus iria criticar as pessoas que, apesar de ocuparem altos cargos religiosos, não agiam de acordo com o que pregavam.

Jesus também falaria que pelo fruto se reconheceria a árvore. Não adianta a pessoa ter um discurso muito bonito se as suas ações contradizem o que fala.

João Batista alerta as pessoas, convocando-as ao arrependimento. Mas esse arrependimento tem que promover modificações em sua vida. Esse é o fruto ao qual se refere.

Versículo 10: E as multidões lhe rogavam: "O que devemos fazer então?"

Versículo 11: Diante do que João as exortava: "Quem tiver duas túnicas dê uma a quem não tem nenhuma; e quem possui o que comer, da mesma maneira reparta."

Diante das duras reprimendas de João Batista, que dizia que elas não estavam agindo de maneira correta, as pessoas se preocuparam em saber o que deveriam saber. A explicação que ele dá não poderia ser mais clara!

Versículo 12: Chegaram inclusive alguns publicanos para serem batizados. E indagavam: "Mestre, como devemos proceder?"

Publicanos eram judeus que, a serviço de Roma (que dominava a Palestina naquela época) cobravam os impostos dos judeus. Devido ao fato de cobrarem mais do que era devido, embolsando grande parte do dinheiro, e representarem o governo opressor, eram mal vistos pelos judeus, sendo sinônimo de "pecadores".


Versículo 13: E João lhes respondeu: "Não deveis exigir nada além do que vos foi prescrito."

João não poderia ser mais simples e direto do que isso!

Versículo 14: Então um grupo de soldados lhe inquiriu: "E quanto a nós, o que devemos fazer?" E ele os orientou: "A ninguém molesteis com extorsões, nem denuncieis falsamente. Contentai-vos com o vosso próprio salário."

A mensagem de João exigia pelo menos três atitudes:
- partilhe o que você tem com aqueles que estão necessitados;
- qualquer que seja o seu trabalho, faça-o bem  feito e com justiça;
- esteja satisfeito com o que você tem.

João Batista não veio para levar consolo àqueles que viviam de maneira incorreta. Ele convocou as pessoas a uma vida justa e santa.

Vemos que João Batista veio para alertar as pessoas, dizendo que o que elas estavam fazendo estava errado. Elas estavam acomodadas com a situação, achando que estavam agindo bem por agir de acordo com o que a Lei determinava. João veio para mostrar que a realidade era outra.